Nicholas McCarthy nasceu sem a mão direita, mas esse facto não o afastou da sua maior paixão: tocar piano. Agora, o jovem acaba de fazer história ao tornar-se o primeiro pianista com uma só mão a formar-se numa prestigiada escola britânica.
Nicholas McCarthy nasceu sem a mão direita, mas esse facto não o afastou da sua maior paixão: tocar piano. Agora, o jovem de 23 anos acaba de fazer história ao tornar-se o primeiro pianista com uma só mão a formar-se no prestigiado Royal College of Music, uma escola de música britânica com 130 anos de existência.
O amor pela música acompanhou-o desde a infância e foi ainda em criança que McCarthy se deparou com o primeiro “não”, depois de ter sido recusado numa audição para jovens pianistas, durante a qual lhe disseram que nunca teria sucesso.
A situação repetiu-se uns anos mais tarde, já na adolescência, mas nenhuma das barreiras que foram colocadas no seu caminho o impediu de vingar. Graças à persistência, o jovem pianista acaba de obter o seu diploma académico.
“Terem-me dito que não foi muito triste, porque tocar o piano era o que eu mais queria fazer. Nesse momento senti que tinha uma enorme luta pela frente, mas isso tornou-se mais determinado. Sou muito teimoso”, conta o músico em entrevista ao jornal Daily Mail.
McCarthy aprendeu a tocar sozinho num teclado elétrico barato e foi só aos 14 anos que começou a ter aulas. “Nunca fiz nada que fluísse tão naturalmente”, confessa, revelando que praticava “horas e horas” e que, como tinha apenas uma vaga ideia acerca da interpretação das pautas musicais, tudo o que tocava inicialmente – de sonatas de Beethoven a peças de Mozart – era obtido “de ouvido”.
“Um dia o volume do teclado estava muito alto e o meu pai chamou-me e disse: Desliga a aparelhagem, Nick!” e eu respondi-lhe: Não é a aparelhagem, é o meu teclado”, relembra, admitindo que foi nesse momento que também os progenitores perceberam que a paixão pela piano tinha vindo para ficar e acederam ao seu pedido para o inscreverem em aulas.
De vitória em vitória
Desde então, o percurso de McCarthy foi sempre ascendente. Aos 17 anos conseguiu um lugar no departamento juvenil da London's Guildhall School of Music and Drama, onde conquistou o prémio anual de piano, e veio a ingressar na prestigiada Royal College of Music in London, concluindo, recentemente, o curso de pianista.
O jovem toca música especificamente concebida para ser tocada com a mão esquerda e do seu repertório fazem parte, por exemplo, trabalhos do compositor austríaco Paul Wittgenstein, que perdeu o braço direito durante a I Guerra Mundial, e peças de compositores célebres como Ravel, Prokofiev e Bartok.
“Enfrento mais desafios do que um pianista com duas mãos porque tenho de trabalhar em todo o piano”, explica McCarthy, acrescentando que, quando atua, quem ouve tem a sensação “de que há duas mãos a tocar”.
Atualmente, Nicholas McCarthy faz também parte da British Paraorchestra, a primeira orquestra britânica exclusivamente destinada a músicos com limitações físicas, que, recentemente, participou na cerimónia de receção aos atletas paralímpicos em Londres.
“Há pessoas no meu lugar que estão a receber aconselhamento psicológico. Quando ouço essas histórias a única coisa que penso é: ultrapassem a situação e façam algo de vocês mesmos!”, conclui, deixando um exemplo claro de que, neste caso, querer é poder.