Um grupo de investigação português liderado por Luís Pereira de Almeida, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra, acaba de conquistar quatro prémios monetários atribuídos por uma fundação norte-americana.
Um grupo de investigação português liderado por Luís Pereira de Almeida, do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra, acaba de conquistar quatro prémios monetários atribuídos pela fundação norte-americana National Ataxia Foundation (NAF) para financiar a continuação dos esforços na descoberta de terapias para impedir a progressão da doença de Machado-Joseph.
Trata-se de uma patologia cerebral rara e, por enquanto, incurável, com prevalência significativa em Portugal, especialmente nos Açores, que se carateriza pela produção anormal de uma proteína, a ataxina-3, e que provoca a perda de coordenação motora, acabando por confinar os doentes a uma cadeira de rodas.
Luís Pereira de Almeida foi agraciado com o prémio “Pioneer SCA Translational Grant Award”, no valor de 100.000 dólares (73.500 euros), para investigar a “ativação farmacológica da autofagia [“limpeza” das células] para aliviar a doença de Machado-Joseph”, explica uma nota de imprensa da Universidade de Coimbra.
Com a ajuda deste financiamento, os investigadores vão aprofundar os estudos em animais transgénicos (modelos da doença) que têm mostrado possíveis efeitos benéficos de fármacos aprovados pela FDP – US Food and Drug Administration (autoridade norte-americana do medicamento) e pela Agência Europeia do Medicamento no atraso e alívio dos sintomas da doença.
Três prémios de 15.000 dólares para o resto do grupo
Ao mesmo grupo de cientistas portugueses foram ainda atribuídos três prémios de 15.000 dólares (cerca de 11.100 euros) cada, que vão permitir progressos noutras vertentes da investigação da doença de Machado-Joseph.
Liliana Mendonça, uma das três investigadoras galardoadas com este prémio, está a realizar o transplante de células estaminais neurais em animais transgénicos numa área cerebral afetada pela patologia, o cerebelo, que, de acordo com resultados preliminares, poderá assumir-se como uma “promissora” estratégia terapêutica.
Já Rui Nobre, outro dos elementos do grupo de investigação a ser premiado, tem estado envolvido no desenvolvimento de uma solução terapêutica associada a uma forma inovadora de administração periférica com potencial para dar um contributo importante ao nível do uso de terapia genética nesta doença.
Finalmente, o investigador Clévio Nóbrega, também distinguido, continuará a trabalhar na possibilidade de uma outra molécula, a ataxina 2, em vez da ataxina-3 estar a contribuir para a patologia. O objetivo é esclarecer o possível mecanismo patogénico da doença de Machado-Joseph e validar a ataxina-2 como potencial alvo terapêutico.
Fundada em 1957, a National Ataxia Foundation, que premiou, pela primeira vez em quadruplicado, estes portugueses, financia anualmente estudos altamente promissores na área das doenças degenerativas que provocam ataxia (descoordenação de movimento) em todo o mundo.