Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) identificou, pela primeira vez, um novo mecanismo responsável pela desregulação da comunicação intercelular poderá ter implicações importantes no desenvolvimento de doenças cardíacas.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) identificou, pela primeira vez, um novo mecanismo responsável pela desregulação da comunicação intercelular que, em células do coração, poderá ter implicações importantes no desenvolvimento de doenças cardíacas.
Os resultados do estudo, coordenado por Henrique Girão e publicado na prestigiada revista Molecular Biology of the Cell (MBoC), demonstraram que a ubiquitina – uma proteína – é a principal responsável pela degradação de uma outra proteína (a Conexina43 – Cx43), que assegura a comunicação rápida e eficaz entre a maioria das células, contribuindo para o normal funcionamento de órgãos e tecidos.
Segundo os especialistas, no caso do coração, estes canais são especialmente importantes porque asseguram a propagação rápida de um sinal, que está na origem do batimento cardíaco. Em consequência, alterações na comunicação entre células cardíacas poderão ser a causa de várias patologias como, por exemplo, doença coronária, insuficiência cardíaca, arritmias e enfarte.
Agora, os investigadores da Faculdade de Medicina da UC identificaram o mecanismo que conduz à remoção da proteína Cx43 da membrana das células e à sua eliminação, que provoca uma diminuição ou ausência de comunicação entre as células.
Resultados poderão ser úteis para outras doenças
Em comunicado, Henrique Girão, que liderou a equipa composta por cardiologistas do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e uma investigadora da Universidade de Einstein, em Nova Iorque, explica que “a grande novidade do estudo foi demonstrar que uma via de degradação, denominada autofagia, participa na degradação da Conexina43, presente na membrana plasmática das células, e que a ubiquitina tem um papel regulador”.
De acordo com Girão, que faz parte do Instituto Biomédico de Investigação de Luz e Imagem, as conclusões obtidas pelo grupo “abrem caminho para o desenvolvimento, no futuro, de novas abordagens terapêuticas que previnam ou impeçam a eliminação destes canais e, deste modo, assegurem uma correta comunicação entre as células”.
O estudo em questão foi realizado com células em cultura mas, para estudar o verdadeiro impacto da descoberta e as suas implicações no desenvolvimento de doença cardíaca, a análise vai prosseguir em modelos animais, nomeadamente em ratinhos.
O propósito deste próximo passo é também compreender de que forma as alterações da comunicação intercelular “contribuem para o aparecimento e desenvolvimento de outras doenças, como o cancro e a diabetes”, adianta Henrique Girão.
“Começámos por estudar o coração porque é um modelo de excelência, onde a desregulação da comunicação tem implicações mais imediatas, mas é nossa intenção prosseguir estes estudos no contexto de outras doenças”, conclui.
Clique AQUI para aceder ao estudo publicado na MBoC (em inglês).