Saúde

UCoimbra elimina células estaminais cancerígenas

Uma equipa internacional liderada por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) descobriu como eliminar células estaminais cancerígenas, responsáveis pela reincidência de vários tipos de cancro.
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Uma equipa internacional liderada por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) descobriu como eliminar células estaminais cancerígenas, responsáveis pela reincidência de vários tipos de cancro, por intermédio da manipulação da sua produção de energia.
 
Trata-se de um tipo de células que, de acordo com várias evidências científicas, pode funcionar como uma semente, resistindo aos tratamentos convencionais e podendo proliferar e gerar novas células malignas. 
 
Os cientistas, cujo estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pelo programa europeu FP7, através de uma bolsa Marie-Curie, foi recentemente publicado na revista científica Nature, procuraram identificar de que forma os processos de geração de energia em células estaminais estão interligados com os fenómenos de diferenciação (transformação) celular e resistência a agentes anticancerígenos. 
 
Os investigadores conseguiram ainda, e pela primeira vez, através da técnica de ressonância magnética nuclear (RMN), fazer uma detalhada análise do perfil metabólico deste tipo de células antes e depois do seu processo de diferenciação, o que permitiu identificar alterações chave da produção de energia.
 
Ao longo de seis anos, a equipa, coordenada por especialistas do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com as Universidades do Minnesota-Duluth e Mercer, nos EUA, trabalhou com o objetivo de alterar e eliminar células estaminais cancerígenas através da manipulação da sua produção de energia. 
 
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, Paulo Oliveira, coordenador do estudo e investigador do CNC, explica que, com as experiências realizadas num modelo de linha celular estaminal de carcinoma embrionário (um tipo de tumor raro que pode afetar os ovários e os testículos), se verificou “uma remodelação celular na população estaminal cancerígena através da manipulação da função da mitocôndria, um organelo responsável pela geração de energia nas células”.
 
De acordo com o cientista, “esta remodelação faz com que as células se tornem mais suscetíveis a agentes antitumorais”, o que contribui para a sua eliminação.

Além disso, pelo menos no sistema celular avaliado, “terapias que estimulem a função da mitocôndria podem levar a uma alteração no fenótipo da população estaminal tumoral, diminuindo a sua resistência a terapias convencionais”, acrescenta o português. 

 
Ignacio Vega-Naredo, primeiro autor do trabalho, afirma que, após esta descoberta, a equipa pretende agora “investigar de que forma as defesas das células estaminais cancerígenas são diminuídas quando ocorre o processo de diferenciação celular forçado por um aumento da função mitocondrial”, o que vai permitir “criar uma série de novos alvos para uma terapia mais eficaz contra aquele tipo de células”. 

Notícia sugerida por Elsa Fonseca

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