A Universidade de Coimbra acaba de anunciar a criação de um interface cérebro-computador que confere uma nova autonomia e mobilidade a pessoas com deficiências motoras graves.
A Universidade de Coimbra acaba de anunciar a criação de um interface cérebro-computador que confere uma nova autonomia e mobilidade a pessoas com deficiências motoras graves. Este equipamento, que descodifica sinais do cérebro em ações, foi criado por Gabriel Pires, do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da universidade.
Graças a este aparelho tarefas diárias como conduzir uma cadeira de rodas, ligar luzes, acionar alarmes, ligar a televisão e até falar no Skype serão mais fáceis de executar. O mecanismo, que já foi validado clinicamente e está a ser desenvolvido desde 2007, permitirá assim que doentes com esclerose lateral amiotrófica (ELA), pessoas tetraplégicas e com paralisia cerebral tenham mais autonomia.
O interface funciona através da recolha de ondas cerebrais – usando um método não invasivo de eletroencefalografia (EEG) baseado numa espécie de touca com elétrodos que se coloca na cabeça – que são descodificas em algoritmos de processamento de sinal, selecionando letras que permitem a construção de frases que, por sua vez, podem ser transformadas em ordens.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, o cientista português explica que o interface “é uma ferramenta de assistência muito poderosa que, quando entrar no mercado, terá um forte impacto social porque permitirá às pessoas com deficiências motoras muito graves obter mais autonomia”.
São algoritmos “que se ajustam aos padrões neuronais das pessoas, por exemplo, o sistema consegue perceber se o utilizador, no momento, quer ou não efetuar uma dada tarefa. Por outro lado, com um simples fechar de olhos, o utilizador desliga o interface. Para ligar novamente, repete o movimento”, ilustra o também Docente do Instituto Politécnico de Tomar.
O interface, que acaba obter o segundo prémio no concurso Fraunhofer Portugal Challenge, foi desenvolvido ao longo dos últimos 5 anos, e resultou numa Tese de Doutoramento, orientada pelos docentes Urbano Nunes, da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC), e Miguel Castelo Branco, do IBILI – Faculdade de Medicina (FMUC).
O interface foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Para que o equipamento recebesse validação clínica, foram realizados testes clínicos em portadores de esclerose lateral amiotrófica, num homem tetraplégico e num doente de Duchenne.