por Patrícia Maia
A socióloga Marta Santos, de 31 anos, conta ao Boas Notícias que a ideia desta construção inédita em Portugal surgiu quando o casal começou a procurar casa. “As casas térreas que encontrámos aqui na zona custavam todas à volta de 200 mil euros. Por esse valor decidimos que seria melhor comprar um terreno e fazer uma casa à nossa medida”, explica.
As paredes exteriores da Casa Ecofixe vão ser feitas de pneus – oferecidos pela empresa de reciclagem Metais Jaime Dias – que vão ser enchidos com terra. As paredes interiores da casa serão construídas com milhares de latas que foram recolhidas, ao longo de mais de dois anos, nos cafés e restaurantes da zona. Um revestimento de areia, palha e cimento vai garantir o acabamento final das paredes.
Já o telhado desta casa térrea – que vai ter uma área de 200 m2 e quatro assoalhadas – será ajardinado. “A combinação de pneus e latas é altamente isolante e impermeável e, aliada à cobertura ajardinada, esta solução oferece um comportamento térmico excelente que permite poupar muita energia”, explica Marta.
A própria estrutura da casa, que será de madeira, vai ser construída com tábuas recicladas de obras que foram demolidas. Também as águas da chuva serão recolhidas para um depósito e canalizadas para a casa, enquanto a colocação de painéis solares vai permitir aquecer a água do banho com a luz do sol.
Casa Ecofixe deu origem a uma nova empresa de construção
O precursor desta arquitetura feita de materiais reciclados foi o norte-americano Mike Reynolds, nos anos 70. As suas técnicas têm sido replicadas em alguns projetos, um pouco por todo o mundo (ver vídeo abaixo), mas avançar para esta aventura em Portugal foi um desafio.
A Casa Ecofixe foi desenhada pelo gabinete de arquitetura F. Pereira e o acompanhamento técnico da obra está a ser feito pelo gabinete P.d.M. Pereira de Magalhães Arquitectura & Design. O verdadeiro desafio foi encontrar o construtor.
“Apresentámos o projeto a cinco empresas na zona e nenhuma quis pegar na ideia. Entretanto, o técnico de uma dessas empresas, David Araújo, apaixonou-se pelo conceito, saiu da empresa e aceitou o desafio. Aliás, acabou por criar uma empresa que será especializada neste tipo de construções”, conta a jovem socióloga.
Embora o investimento do casal ainda seja relativo – a despesa na construção da casa e na aquisição do terreno vai ficar em cerca de 155 mil euros – a grande vantagem desta obra, para além de ser uma construção concretizada com o mínimo impacto ambiental, será o “ganho substancial em termos de energia e poupança de água a médio e longo prazo”, sublinha Marta.
Marta e Pedro deixam um profundo agradecimento a todas as pessoas e empresas que os têm apoiado neste projeto diferente, incluindo a câmara da Trofa que aprovou o projeto de construção, e esperam desta forma “contribuir para traçar novos caminhos e opções mais sustentáveis, em Portugal, na área da construção civil e do mercado imobiliário”.
Clique AQUI para aceder ao Facebook da Casa Ecofixe onde pode acompanhar toda a evolução deste projeto inédito no nosso país.