O professor de Psicologia da Linguagem da University of Portsmouth, Chris Sinha, um dos autores do estudo publicado na edição de maio do jornal Language And Cognition, afirma que “para esta tribo, o tempo não existe da mesma maneira que existe para nós”.
“Podemos assim afirmar, sem qualquer dúvida, que há pelo menos uma língua e uma cultura que não encara o tempo como uma coisa que pode ser medida”, acrescenta.
O professor esclarece ainda que “isto não significa que os Amondaua sejam ´pessoas desfasadas do tempo`” mas sim que “vivem num mundo organizado por eventos em vez de encarar os eventos como algo inserido no tempo”.
A equipa de investigadores composta por linguistas e antropologistas da Universidade de Portsmouth (Reino Unido) e da Universidade Federal da Rondônia (Brasil) passou oito semanas com a tribo para perceber como a sua língua seria capaz de descrever palavras como “na próxima semana” ou “no ano passado”.
Membros da tribo “não têm” idade
Descobriram que não há qualquer termo para estes conceitos, apenas divisões entre dia e noite e entre estacões secas ou húmidas. Também descobriram que não é atribuída uma idade a ninguém na comunidade.
O professor Sinha explica que para a o resto da humanidade, o tempo está tão presente que acaba por ser encarado como um facto objetivo. No entanto, para os Amondaua “o tempo não é dinheiro”.
Este povo nunca “corre contra o tempo para cumprir determinado objetivo, nem definem o que vão fazer na próxima semana, mês ou ano. Podemos dizer que gozam de uma certa liberdade”, conclui o investigador.
No entanto, as tecnologias modernas como a eletricidade e a televisão ameaçam destruir o mundo intemporal dos Amondaua já que os membros da tribo estão a começar a aprender termos do português do Brasil, ameaçando a preservação da sua própria língua.
Clique AQUI para aceder ao estudo dos investigadores publicado no site oficial da Universidade de Portsmouth.