Um grupo de investigadores búlgaros demonstrou a eficácia de um tratamento à base de um cogumelo no combate ao cancro do colo do útero, confirmando, desta forma, os resultados de um estudo iniciado em Coimbra.
Um grupo de investigadores búlgaros demonstrou a eficácia de um tratamento à base de um cogumelo no combate ao cancro do colo do útero, confirmando, desta forma, os resultados de um estudo iniciado em Coimbra.
A notícia foi avançada à Lusa pelo médico José Silva Couto, ginecologista que atualmente trabalha no setor privado mas já desempenhou funções de diretor da Unidade de Patologia Cervical do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra, época em deu início à investigação.
Em 2008, José Silva Couto revelou que tinha realizado aquele estudo com 43 mulheres acompanhadas no hospital onde trabalhava, às quais foi feito, durante um ano, um tratamento com um extrato natural do cogumelo “Coriolus Versicolor” que, agora, demonstrou ter também “grande eficácia” em pacientes de diversas cidades da Bulgária.
Em Portugal, a investigação foi realizada em coautoria com Daniel Pereira da Silva, então diretor do Serviço de Ginecologia do IPO de Coimbra, e prosseguiu, depois, na Bulgária, sob orientação de Todor Chernev, professor do Hospital Universitário de Obstetrícia e Ginecologia de Sófia.
Ao longo de dois anos, a equipa de Chernev efetuou, naquele país, o mesmo tratamento, num projeto de investigação que envolveu cerca de 200 doentes. “Foi um trabalho de confirmação da linha de investigação iniciada em Coimbra”, congratulou-se José Silva Couto, adiantando que o estudo deverá prosseguir futuramente noutros países europeus.
Tratamento teve também “grande eficácia” em Portugal
Há cinco anos, aquando da realização do estudo em pacientes portuguesas, o médico apresentou o impacto terapêutico de um comprimido à base do 'Coriolus Versicolor' – cujo “efeito imunomodulador” era conhecido em várias antigas culturas da Ásia – no combate ao cancro do colo do útero.
“A biomassa do 'Coriolus Versicolor' é um imunomodulador não específico e, como tal, usada como coadjuvante nutritivo para equilíbrio do sistema imunitário em pacientes submetidos a quimioterapia e radioterapia”, explicou, à data, o especialista.
Os investigadores conseguiram demonstrar que o extrato do cogumelo teve “grande eficácia, quer na regressão da displasia (lesão de baixo grau), quer no desaparecimento do HPV de alto risco” nas 43 mulheres estudadas, que apresentavam lesões cervicais provocadas pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV, na sigla em inglês) confirmadas através de citologia, colposcopia e biopsia.
As pacientes foram divididas ao acaso em dois subgrupos: as 22 pacientes do primeiro grupo receberam suplementos de 'Coriolus Versicolor' durante um ano, tomando seis comprimidos por dia, num total de três gramas; as restantes 21 doentes, que faziam parte do grupo de controlo, não receberam qualquer tratamento.
José Silva Couto e Daniel Pereira da Silva acabaram por concluir que, além do “impacto positivo” na regressão das lesões de baixo grau, o suplemento feito a partir do cogumelo pode ajudar também as doentes sujeitas a tratamento por lesões de alto grau, quando “o HPV de alto risco persiste após a cirurgia”.
Notícia sugerida por Elsa Martins