Uma terapia experimental tratou, com sucesso, um grupo de jovens pacientes com linfoma mediastinal primário da célula B sem radiação. Os resultados do ensaio clínico, realizado nos EUA, estão a ser considerados "excelentes" pelos cientistas.
Uma terapia experimental tratou, com sucesso, um grupo de jovens pacientes com um tipo de cancro denominado linfoma mediastinal primário da célula B sem necessidade de radiação. Os resultados do ensaio clínico, realizado nos EUA, estão a ser considerados “excelentes” pelos cientistas, em especial porque o tratamento permite evitar as técnicas usadas até agora que têm efeitos secundários tóxicos a longo prazo.
De acordo com um comunicado divulgado pelo National Cancer Institute, os testes envolveram 51 pacientes seguidos ao longo de mais de 14 anos, tendo sido os resultados dados a conhecer este mês num artigo publicado na revista científica New England Journal of Medicine.
Este tipo de linfoma afeta pacientes na faixa etária que vai da adolescência ao início dos 30 anos, principalmente do sexo feminino, e o seu tratamento passa, na maior parte das vezes, pela combinação de quimioterapia e radioterapia. Porém, mesmo com esta terapia, a doença progide em cerca de 20% dos casos e a radioterapia – recebida na zona do tórax – eleva seriamente os riscos de desenvolvimento de outros cancros e de danos ao coração.
Os pacientes, todos com linfoma mediastinal das células B não tratado, envolvidos neste ensaio clínico, coordenado por Wyndham Wilson, receberam as chamadas “infusões” de quimioterapia, tendo-lhes sido administradas doses ajustadas de vários fármacos para a obtenção de uma maior eficácia no tratamento.
A terapia, denominada DA-EPOCH-R, permitiu a 49 dos pacientes alcançar uma remissão completa, sendo que, destes, nenhum voltou a desenvolver um linfoma recorrente. Os únicos dois voluntários que não conseguiram uma remissão total receberam radiação depois desta terapia e também não se observou o regresso dos tumores, não existindo quaisquer sinais de outras doenças ou de efeitos cardíacos tóxicos tardios.
“O elevado sucesso deste regime significa que vai ser possível reduzir a necessidade de radiação e aumentar a taxa de cura desta doença, o que está relacionado com o ajustamento da dosagem dos medicamentos e com a infusão contínua dos agentes EPOCH-R”, explicou Wilson.
Para obter resultados independentes para análise com o mesmo tratamento, os investigadores colaboraram ainda com especialistas do centro médico da Universidade de Stanford, que utilizaram esta solução para tratar 16 pacientes com o mesmo problema. Os resultados foram semelhantes e todos os indivíduos que receberam a terapia estão, também, em remissão, não tendo necessitado de terapia de radiação adicional.
Kieron Dunleavy, principal autor do estudo, considerou que estes resultados “são entusiasmantes e provam que, utilizando esta abordagem, é possível curar quase todos os pacientes e muito poucos necessitam de radiação”.
“Com base nos nossos resultados vai ser efetuado um ensaio clínico de fase II internacional em pacientes pediátricos e esperemos que, como aconteceu connosco, as conclusões também sejam positivas”, acrescentou.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).