Uma menina de dois anos que nasceu sem traqueia acaba de receber uma nova, feita com as suas próprias células estaminais, através de um procedimento inovador.
Uma menina de dois anos que nasceu sem traqueia acaba de receber uma nova, feita com as suas próprias células estaminais, através de um procedimento inovador. Hannah Warren tornou-se, assim, a mais jovem paciente do mundo a beneficiar deste tratamento experimental, e está a recuperar a qualidade de vida.
Desde o seu nascimento, em Seul, na Coreia do Sul, Hannah nunca conseguiu respirar, comer, beber ou engolir sozinha e, até à cirurgia, que foi realizada recentemente nos EUA, passou toda a vida num hospital coreano. Com o agravar da situação, os médicos disseram aos pais, Lee Young-Mi e Darryl Warren, que não havia esperança e que nada podiam fazer para ajudar a menina.
Os progenitores decidiram não baixar os braços, tentaram informar-se e, conta a Associated Press (AP), acabaram por tomar conhecimento de uma técnica levada a cabo por um cirurgião, Paolo Macchiarini, num instituto de Estocolmo, na Suécia, técnica essa que era, no entanto, demasiado cara.
Conjugando esforços, o médico da menina, Mark Holterman, conseguiu fazer com que Macchiarini viajasse até aos EUA para liderar o procedimento, cujos custos (que rondam centenas de milhares de dólares) foram inteiramente suportados pelo Children's Hospital of Illinois, e Hannah foi operada com sucesso no dia 9 de Abril ao longo de 9 horas.
As células estaminais foram colhidas a partir da medula óssea da menina e extraídas com uma agulha especial, sendo depois colocadas, em laboratório, num molde de plástico, onde, em poucas semanas, se multiplicaram, criando uma traqueia artificial com cerca de 7,6 centímetros e em forma de “massa penne”, contaram os médicos em conferência de imprensa.
Embora tenha ainda passado pouco tempo desde a cirurgia, os primeiros sinais indicam que a traqueia está a funcionar normalmente. Para já, Hannah está ligada ao ventilador, mas os especialistas acreditam que, em breve, será capaz de viver em casa, junto da família, e de ter uma vida normal.
Segundo os médicos, que utilizaram um método que tem sido também usado para fazer crescer outros órgãos – como bexigas, uretras e até veias em laboratório -, a menina deverá, no entanto, precisar de uma nova traqueia dentro de cinco anos, à medida que for crescendo.
“Sentimos que ela renasceu”, confessou o pai, Darryl Warren, em entrevista telefónica cedida à AP. “Eles [os médicos] esperam que ela possa fazer tudo o que uma criança normal faz, mas vai demorar. Estamos a percorrer uma estrada nova para todos nós”, acrescentou o progenitor, salientando que esta é “a única hipótese da Hannah, mas é uma hipótese fantástica e inacreditável”.
Warren adiantou ainda que a família espera poder levar Hannah, que está prestes a celebrar três anos de vida, para casa dentro de cerca de um mês. “Vai ser incrível para nós o facto de estarmos, finalmente, juntos como uma família”, concluiu o pai da menina.
Notícia sugerida por Patrícia Caixeirinho