Um transplante de células cerebrais jovens saudáveis pode ser a chave para reverter a doença de Alzheimer e para repor, com sucesso, os níveis de cognição normais, concluiu uma investigação desenvolvida nos EUA.
Um transplante de células cerebrais jovens saudáveis pode ser a chave para reverter a doença de Alzheimer. A conclusão é de um grupo de investigadores norte-americanos, que acaba de descobrir como atenuar os défices de memória e aprendizagem causados pelo mais importante fator de risco genético da doença, o apoE4, e de repor, com sucesso, os níveis de cognição normais em ratinhos adultos.
Os cientistas dos Gladstone Institutes e da Universidade da Califórnia – São Francisco, nos EUA, cujo estudo foi publicado a semana passada na revista científica Journal of Neuroscience, transplantaram células progenitoras inibidoras neuronais (células cerebrais em estado precoce que conseguem transformar-se em neurónios inibidores adultos) em dois modelos laboratoriais diferentes da doença de Alzheimer.
As células foram transplantadas para o hipocampo dos ratinhos com o propósito de avaliar a possibilidade de as mesmas combaterem os sintomas já existentes da doença, substituírem as células perdidas e restituírem o normal funcionamento daquela região do cérebro.
Graças aos transplantes, os investigadores conseguiram devolver ao cérebro as células perdidas devido à acumulação de placas beta-amilóides, outro grande fator de risco para o Alzheimer, e de apoE4, regularizando a atividade cerebral e melhorando as capacidades de aprendizagem e memória.
O sucesso do tratamento em ratinhos cuja idade é equivalente a uma idade adulta tardia em humanos é particularmente importante, afirma a equipa, já que é nesta faixa etária que a utilização deste método terapêutico em pessoas poderia ter maior potencial.
“Esta é a primeira vez que o transplante de células progenitoras inibidoras neuronais foi utilizado em modelos laboratoriais de Alzheimer com idade avançada”, realça Leslie Tong, uma das investigadoras envolvidas no estudo, em comunicado.
“Trabalhar com animais mais velhos pode ser desafiante do ponto de vista técnico, mas foi fantástico ver como as células [transplantadas] não só sobreviveram, mas afetaram a atividade e os comportamentos”.
Para Yadong Huang, principal autor da investigação, “o facto de se observar uma integração funcional das células transplantadas no circuito hipocampal e um resgate total das capacidades de aprendizagem e memória é muito entusiasmante”.
Segundo Huang, as potenciais implicações destas descobertas vão além do método utilizado. “Este estudo prova que se, de alguma forma, conseguirmos melhorar as funções neuronais inibidoras no hipocampo, através, por exemplo, do desenvolvimento de pequenos compostos moleculares, tal poderá ser benéfico para pacientes com Alzheimer”, conclui.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).