O que pode ser feito perante este trio de conhecimento que, por excelência, é fomentado e alcançado nas instituições, públicas ou privadas, de ensino?
A transferência de conhecimento é uma das respostas que, mundialmente, assume mais relevância. E em que consiste a transferência de conhecimento?
Assumindo a definição do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a transferência de conhecimento, ciência e tecnologia é o “movimento de conhecimento e descobertas para o público em geral”. E há vários mecanismos que promovem esta translação. Ela pode ocorrer por meio de publicações científicas; em seminários, intercâmbios e conferências. Através de parcerias de i&d entre universidades e indústrias; da formação e capacitação; de contactos pessoais ou mediante a comercialização de tecnologias. Este último ponto possibilita o estabelecimento de contratos de i&d com consultoras especializadas, o licenciamento de tecnologia, a venda de propriedade intelectual e a criação spin-offs (nova empresa criada com o objetivo de explorar novos produtos ou serviços de base tecnológica ou inovadora. Habitualmente nasce a partir de ideias ou processos gerados numa organização já existente, seja uma outra empresa, um centro de investigação público ou privado ou uma universidade, que acolhe e apoia a nova iniciativa).
Segundo o Inventor’s Guide to Technology Research, do MIT, a transferência do saber para o mercado deve seguir dez passos.
Primeiramente tem de existir uma invenção, resultado do contributo científico de uma só pessoa ou de um grupo de investigadores. Identificando o potencial disruptivo da descoberta, deverá existir uma pré-divulgação da mesma às respetivas unidades de apoio à transferência de tecnologia da instituição. De seguida, a invenção tem de ser comunicada e, posteriormente, avaliada e valorizada através de licenciamento a uma empresa já existente, ou optando pela criação de uma spin-off. A quinta etapa aconselha a proteção da invenção, devendo ser apresentado um pedido de propriedade intelectual. Segue-se uma ação de marketing em que devem ser avaliadas empresas e/ou outras entidades capazes de levar a tecnologia até ao mercado. Caso tal não seja possível ou desejável, pode fundar-se uma empresa. Na eventualidade de ter sido estabelecido um contrato de licenciamento com outra entidade, cedem-se os direitos de exploração comercial da tecnologia. Após esta fase, a tecnologia passa a ser comercializada. O último passo abarca os proveitos, ou seja, o retorno financeiro proveniente da concessão de licenças. Ganhos que, idealmente, devem ser distribuídos pelos investigadores, inventores e demais entidades envolvidas na investigação e conhecimento, promovendo, ciclicamente, novas descobertas e inovações para levar ao mercado e à sociedade em geral.
Esta comercialização da investigação tem sido cada vez mais efetiva e urgente face à competição global que as empresas enfrentam e que as obriga a adotarem novas tecnologias e inovações rapidamente.
A necessidade e procura crescente de conhecimento e de tecnologia por parte das empresas levaram ao desenvolvimento de uma “terceira missão” por parte de muitas universidades que assim criaram as suas próprias unidades especializadas em transferir saber para as empresas, em relacionar profissionais académicos com o mundo empresarial e vice-versa.
No entanto, o gap entre a produção de ciência e a sua incorporação no tecido económico e social, gerando valor, ainda é significativo, não só em Portugal, mas um pouco por todo o mundo. Não foi por acaso que a Comissão Europeia destinou, no âmbito do Horizonte 2020, um investimento de 80 mil milhões de euros para financiar atividades de investigação e inovação capazes de reforçar a base científica e tecnológica europeia no sentido de melhorar a exploração do potencial económico e industrial das políticas de inovação, investigação e desenvolvimento tecnológico.
Neste sentido, o conhecimento, a ciência e a tecnologia, provenientes do meio académico, podem e devem ser transferidas para que, a par com a indústria, beneficiem mutuamente desta cadeia de valor acrescentado. O investimento, a capacidade de atração de talento e investimento, candidatando-se a projetos colaborativos de i&d, devem ser assumidos de forma conjunta pelas universidades e pelas empresas.
Fique assim a conhecer os gabinetes que promovem a translação de conhecimento, exemplos do impacto real que programas de cooperação tiveram em vários setores e a visão de um especialista defensor da valorização do saber e da sua aplicação no mercado.
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