Segundo a CIONET, a transformação digital já modela todos os aspetos dos negócios e, dado que as tecnologias continuam a evoluir, tal transformação vai exigir uma efetiva colaboração, planeamento e inclusão de todos os profissionais dos vários departamentos das empresas.
Após recolher um leque alargado de informações na sua comunidade de executivos de Tecnologias de Informação (TI), a CIONET divulgou quais serão as principais tendências tecnológicas para 2017.
Primeiramente, os CIO terão que aumentar a agilidade e adaptabilidade das suas organizações. Assumindo que a transformação digital não se prende apenas com a introdução de tecnologias, passa a ser necessário modernizar a cultura empresarial dos colaboradores. A mudança é inevitável e terá que ser integrada por todos.
A experiência dos utilizadores passa a ser crucial, isto porque os clientes têm de se envolver e de se comprometer cada vez mais com as marcas e empresas. Isto assenta na perspetiva de que, em todo e qualquer lugar, os clientes podem interagir com o seu negócio, de forma positiva e segundo uma abordagem omnichannel.
A CIONET reconhece também que, ao longo desse ano, a inovação deverá acontecer rapidamente. Quanto mais rápida a inovação surgir no mercado, mais competitiva será. As inovações devem ser avaliadas, testadas, analisadas e julgadas muito depressa para que as empresas não percam tempo e recursos com a implementação de ferramentas que não trazem valor acrescentado. A máxima fail fast, succeed faster (falhar rápido para ter sucesso rapidamente) impõe-se.
Em quarto lugar, destaca-se a necessidade de adotar o trabalho remoto. As tecnologias móveis e a disseminação da internet via wi-fi possibilitam às empresas um contacto otimizado com vários talentos, em qualquer parte do mundo e a qualquer hora. E se pensarmos nos novos profissionais – os millennials, eles preferem a flexibilidade acima de tudo.
Estratégias e tecnologias de Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (RV) têm de ser adotadas. Mais do que aplicadas no setor dos jogos, a RA e a RV fornecem novas maneiras de uma empresa se poder conectar com os seus clientes. As interações passam a ser memoráveis e podem ainda ser introduzidas como meio para “gamificar” os locais de trabalho.
Os Application Programming Interface (API), ou seja, os Interfaces de Programação de Aplicações tornam-se essenciais. Este conjunto de padrões de programação que permite a construção de aplicações e a sua utilização é fundamental para abraçar a transformação digital. A CIONET refere os exemplos do eBay e da PayPal – “duas empresas que têm contado de forma significativa com estas tecnologias, as quais permitem gerir um volume extremamente elevado de transações”.
Big data, analytics, Internet of Things (IoT) e Inteligência Artificial (AI) são as últimas tendências apontadas pela CIONET.
No mundo dos negócios, há grandes volumes de dados, valiosos, que nem todas as empresas sabem ou estão a gerir do melhor modo. Atendendo que nesta era digital tudo pode ser medido – o analytics também é fundamental para mostrar e avaliar o que os clientes e os mercados pensam e querem da sua empresa.
Simultaneamente, prevendo que em 2020 vão existir cerca de 50 mil milhões de sensores IoT e mais de 200 mil milhões de “coisas” na internet em 2030, a IoT está a transformar não só os modelos de negócio, mas também as cidades que são cada vez mais eficientes.
As máquinas inteligentes e a AI estão também a tornar-se numa realidade. As máquinas vão aprender e adaptar-se mais facilmente a novos ambientes, substituindo postos de trabalho com poucas qualificações. Além de passarem a falar e a interagir com os humanos em linguagem natural, as máquinas inteligentes vão ajudar-nos a resolver problemas complexos.
Concluindo estas previsões, Rui Serapicos, Managing Partner da CIONET, afirma que “é urgente terminar com os silos – o papel do CIO mudou dramaticamente ao longo da última década. Com o aparecimento de novas funções como o Chief Digital Officer estamos a assistir a um aumento das necessidades de lidar com a mudança, que é tecnológica, mas acima de tudo, cultural”. E acrescenta que “estes nove pontos serão essenciais” para as empresas poderem “acompanhar o mercado, e estar mesmo um passo à frente da concorrência” em 2017.
De acordo com a consultora norte-americana, é certo que a “inovação nos negócios digitais cria efeitos disruptivos com um impacto abrangente sobre as pessoas e a tecnologia. Contudo, os efeitos secundários em cascata revelam-se, muitas vezes, mais perturbadores do que a disrupção original”. Assim, os analistas aconselham os estrategas digitais a identificarem ativamente os efeitos secundários no momento de planear mudanças.
Para que os executivos “sobrevivam aos grandes ventos da disrupção digital”, a Gartner divulga dez previsões que vão ter uma grande importância em 2019, 2020, 2021 e 2022.
Este “top” incide sobre três premissas chave: as experiências e o envolvimento digitais vão fazer com que as pessoas tenham interações virtuais contínuas; a inovação empresarial vai criar mudanças extraordinárias a partir de conceitos mundanos e os efeitos secundários serão frequentemente mais disruptivos do que a própria mudança digital inicial.
Face a este cenário, e a par com as indicações dadas pela CIONET, a Gartner recomenda que os Chief Digital Officers (CDO) se envolvam e interajam mais com os clientes a partir da User Experience (UX) conversacional, de bots (robôs) e da AI. Aprender as melhores práticas dos “gigantes digitais”, como a Google ou o Facebook, e reconhecer os efeitos secundários provenientes do uso de dados, ou de novas tecnologias, que vão mudar a forma como os povos se comportam, são outras das sugestões dos analistas americanos.
Para 2019, a consultora estima que 20% das marcas abandonem as suas aplicações móveis. O facto é que muitas empresas começam a constatar que as suas apps não estão a ser amplamente adotadas e a receber o envolvimento esperado dos clientes pela empresa. Paralelamente, uma vez que o número de aplicativos disponíveis nas lojas Apple e Android é tão alto – pelo menos dois milhões em cada loja – leva a que a procura seja um grande impedimento para o seu download. A Gartner aconselha assim avaliar o investimento em soluções emergentes, como carteiras eletrónicas, aplicações web progressivas e instantâneas.
Ao longo de 2019, cada dólar investido em inovação vai implicar mais sete dólares em execução. Os investimentos em TI são cruciais para um negócio ser digitalmente competitivo, deste modo, os CEO terão que demonstrar liderança e compromisso pessoal para desenvolver e implementar as suas estratégias digitais. Torna-se igualmente necessário fazer uma avaliação rigorosa dos investimentos para a modernização e transformação de TI para executar o plano de inovação, bem como envolver os fornecedores de serviços de TI na ideação e implementação da inovação.
Para 2020, a Gartner estabeleceu cinco previsões. Cerca de 100 milhões de consumidores vão fazer compras através de RA e 30% das sessões de navegação na web serão feitas sem ecrãs. Estas perspetivas traduzem o facto de cada vez mais pessoas fazerem compras online e de os retalhistas desenvolverem aplicações de RA para elevar a experiência de compra. Assiste-se de igual modo ao aumento do uso de pesquisa por voz e à ascensão de novas tecnologias centradas no áudio. As interações sem ecrãs transferem mais poder de mercado para as grandes plataformas digitais. Vemos a Google, a Apple, o Facebook e a Amazon a mediar uma grande fatia das trocas comerciais, porém a confiança pública nestas entidades tem que ser trabalhada para uma maior transparência e conformidade com as regulamentações de privacidade.
À semelhança do previsto pela CIONET, a IoT é destacada pela Gartner. A consultora indica que esta prática irá aumentar a necessidade de criar centros de armazenamento de dados. Para esta resolução, procurar um parceiro tecnológico com experiência em analytics, gestão e armazenamento de dados é crucial.
Os algoritmos vão melhorar o comportamento de mais de mil trabalhadores em todo o mundo e 40% dos funcionários poderão reduzir os custos de saúde a partir do momento que usarem um rastreador de fitness.
Em 2021, 20% de todas as atividades que uma pessoa fará vão envolver um dos sete gigantes do mundo digital. A forma como a Google, Apple, Facebook, Amazon, Baidu, Alibaba e Tencent alavancaram os dados e a sua análise, a uma escala global, é o modelo a seguir para ganhar no mercado digital. A Gartner frisa que haverá sempre concorrentes e que estas empresas precisam investir massivamente em tecnologias inovadoras.
No prazo de cinco anos, os analistas norte-americanos preveem que a IoT irá contribuir para reduzir as despesas de manutenção, serviços e consumíveis, não apenas para as empresas, mas também para o cidadão comum. Além disso, acreditam que em 2022 o negócio blockchain atinja os dez mil milhões de dólares. Tal ocorrerá porque esta tecnologia, assumida como a próxima revolução nas transações, potencia a criação de valor e a troca em minutos e não num par de dias.
Em linha com as previsões da CIONET e da Gartner, a Ericsson traçou igualmente as suas tendências de consumo.
A partir do Ericsson ConsumerLab, departamento que estuda os comportamentos e valores das pessoas, incidindo na forma como os utilizadores usam e pensam sobre produtos e serviços de TIC, a empresa sueca compilou o” 10 Hot Consumer Trends for 2017” – as dez tendências dos consumidores para 2017 e anos futuros.
A IA é um tema recorrente em todas as análises para o mercado de consumo tecnológico. Além de mudar a forma como nos relacionamos em ambiente social, a IA irá desempenhar um papel muito importante na esfera profissional. De tal modo que 35% dos utilizadores avançados de Internet assumiram querer ter um conselheiro de IA no local de trabalho, sendo que um em cada quatro não se opunha a ter IA a cumprir funções de chefia.
De seguida, a multinacional de telecomunicações, salienta a IoT e refere que “dois em cada cinco consumidores acreditam que os smartphones conseguirão identificar os hábitos de vida dos seus utilizadores e realizar automaticamente uma série de tarefas em seu nome”.
Assustado com esta possibilidade? Pois bem, a Ericsson concluiu que os pedestres (um em cada quatro) admitiam sentirem-se mais seguros ao atravessar a estrada se os automóveis fossem autónomos e acresce dizer que 65% preferiam ter um carro autónomo. Será isto o fim anunciado dos motoristas?
Em consonância com o identificado pela CIONET e pela Gartner, a RV volta a evidenciar-se. Porém, o Ericsson ConsumerLab fala numa “fusão de realidades”, ou seja, em apenas três anos, a RV será indistinguível da realidade física. Quatro em cada cinco utilizadores de RV asseguram esta perspetiva e cerca de metade dos inquiridos mostrou vontade em experimentar luvas ou sapatos que permitam interagir com objetos virtuais.
Como consequência da utilização destas novas dinâmicas, como os carros autónomos e a RV e RA, as pessoas que integraram o estudo, realizado em 14 grandes cidades de todo o mundo, admitiram vir a precisar de comprimidos para o enjoo.
Como sexta tendência, a investigação salienta o paradoxo da segurança dos dispositivos inteligentes. Mais de metade dos inquiridos que recorre a notificações dos seus smartphones sentem-se mais seguros por os terem, no entanto, três em cada cinco confirmam que correm mais riscos por confiarem tanto neste dispositivo.
As potencialidades criadas pelas novas tecnologias, como as redes sociais, criaram ainda silos sociais, isto é, as pessoas centram e limitam-se nos seus grupos onde encontram números restritos de notícias e as opiniões que mais valorizam.
Mais de metade das pessoas reconhece que gostaria de usar óculos de RA aplicação e segurança pessoal.
No respeitante à privacidade, há visões distintas. Enquanto apenas dois em cada cinco utilizadores avançados de internet quer usar apenas serviços encriptados, cerca de metade gostaria de ter níveis razoáveis de privacidade em todos os serviços. Contudo um em cada três acredita que a privacidade já não existe.
À semelhança do que foi referido pela CIONET e pela Gartner, também o estudo da Ericsson determinou que a maioria dos internautas acredita que daqui a cinco anos iremos comprar tudo a partir das cinco maiores empresas de TI.
Sobre este estudo, realizado online em outubro de 2016, e que representa 27 milhões de cidadãos, Michael Björn, diretor do Ericsson ConsumerLab, afirma que “mais do que sobre o tempo-real, devíamos falar sobre o tempo da realidade. Isto porque, aquilo que conhecemos e designamos por realidade está a tornar-se algo cada vez mais subjetivo e pessoal”. E acrescenta que “os consumidores querem também que o futuro se mantenha totalmente móvel, o que significa que a procura por uma conectividade mais rápida, mais imediata e de baixo consumo deverá aumentar rapidamente. Neste contexto, o tempo da realidade significa que é tempo das redes 5G”.
Em síntese, constata-se que, tanto organizações independentes, como grandes empresas privadas, conciliam-se numa grande parte das múltiplas previsões aqui descritas, que já têm e continuarão a marcar este ano e os anos vindouros.
// www.ericsson.com/consumerlab
FONTE: CIONET, Gartner e Ericsson Consumer Lab
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