Novo estudo indica que reduzir ligeiramente a temperatura ambiente pode aumentar as células de gordura castanha - uma gordura saudável e fácil de queimar - e reduzir os níveis de açúcar do sangue.
Reduzir ligeiramente a temperatura ambiente pode ser suficiente para aumentar as células de gordura castanha – uma gordura saudável e fácil de queimar – e reduzir os níveis de açúcar do sangue. A sugestão é feita por um estudo que foi apresentado num encontro internacional de endocrinologia, realizado em Junho, em Chicago, EUA.
A gordura castanha é um tipo de massa adiposa que, ao contrário da gordura ‘branca’ e ‘má’, se queima facilmente para gerar calor.
É esta gordura que mantém os bebés humanos e os animais de pequeno porte quentes. Aliás, sabe-se que os animais que possuem mais gordura castanha são imunes à diabetes e à obesidade. Contudo, até agora, não era claro de que forma o metabolismo humano influenciava este tipo de gordura.
O endocrinologista Paul Lee, do Garvan Institute of Medical Research (Sidney, Austrália), tem vindo a estudar esta gordura e demonstrou, recentemente, a sua plasticidade nos humanos.
Em estudos anteriores, Lee já tinha provado que as pessoas com depósitos maiores de gordura castanha têm tendência para serem mais magras e para ter os níveis de glucose mais baixos. Alem disso, Paul Lee já tinha provado, também, que a ‘gordura branca’ pode ser transformada em gordura castanha.
Para este estudo mais recente, Lee recrutou cinco participantes do sexo masculino que, durante quatro meses, dormiram num quarto com a temperatura controlada pela equipa de investigação.
Os participantes cumpriam o seu quotidiano de forma habitual, durante o dia, e à noite ficavam no quarto controlado durante pelo menos 10 horas. No primeiro mês, a equipa regulou os quartos para uma temperatura neutra de 24ºC. No segundo, desceram para os 19ºC., regressando aos 24ºC no terceiro mês e aumentando para os 27º graus no quarto mês.
Massa castanha aumentou 30 a 40%
No final de cada mês, os participantes foram avaliados a vários níveis: metabolismo, quantidade de gordura castanha e densidade muscular. Independentemente da estacão do ano, o estudo revelou que a gordura castanha aumentou entre 30 a 40 por cento durante o mês em que os participantes dormiram no quarto mais frio.
Neste mês, os participantes registaram também uma maior sensibilidade à insulina, o que significa que a gordura castanha ‘exige’ ao organismo menos insulina para reduzir o nível de açúcar no sangue.
“A grande dúvida que havia até agora era se seria possível manipular a gordura castanha de forma a aumentar ou diminuir a sua quantidade (…) e descobrimos que aumentando a temperatura ambiente isso é possível”, refere em comunicado Paul Lee, autor principal do estudo.
O investigador considera que esta investigação pode trazer esperança para as pessoas com diabetes, cujo organismo tem dificuldade em diminuir os níveis de glucose após as refeições.
“Esta melhoria na sensibilidade a insulina acompanhada de um aumento da massa castanha pode abrir o caminho a novos tratamentos”, diz em comunicado o investigador, que alerta também para os perigos das casas modernas estarem constantemente climatizadas para temperaturas mais quentes.
“Além de uma dieta saudável e da aposta na atividade física, talvez possamos, em breve, recomendar uma ligeira alteração na regulação da temperatura ambiente de forma a combater a obesidade”, conclui.