Um olhar positivo em relação à vida ajuda a reduzir a incidência de problemas de coração. A conclusão é de uma nova investigação que mostrou que os temperamentos mais otimistas estão associados a um menor risco cardiovascular.
Um olhar positivo em relação à vida ajuda a reduzir a incidência de problemas de coração como, por exemplo, ataques cardíacos. A conclusão é de uma nova investigação norte-americana, que mostrou que os temperamentos mais otimistas estão associados a um menor risco cardiovascular.
Investigações anteriores tinham já provado que as pessoas deprimidas e ansiosas têm maiores probabilidades de sofrer com este tipo de patologia, mas um estudo agora levado a cabo pela Johns Hopkins University desvenda, por outro lado, que um estado de bem-estar geral – relacionado com a alegria, relaxamento, energia e satisfação para com a vida – reduz as hipóteses de enfarte.
“Se formos, por natureza, pessoas alegres e olharmos para o lado bom das situações estamos mais protegidos contra episódios cardiovasculares”, explica Lisa R. Yanek, líder do estudo publicado na revista científica American Journal of Cardiology, em comunicado.
Segundo a especialista, “um temperamento feliz tem um verdadeiro efeito ao nível da doença e, em consequência da felicidade, é possível ser-se mais saudável”. No entanto, alerta Yanek, as personalidades otimistas são, muitas vezes, algo que nasce com os próprios indivíduos e, quando assim não é, alterá-las não é tarefa fácil.
No âmbito da investigação, Yanek e os colegas analisaram dados do GeneSTAR (Genetic Study of Atherosclerosis Risk), uma espécie de censo que durou 25 anos e procurou determinar, nos EUA, as causas das doenças cardíacas em famílias com historial médico relevante.
Os especialistas estudaram dados de 1.483 irmãos saudáveis de pessoas que tiveram problemas cardíacos antes dos 60 anos e acompanharam-nos por períodos entre 5 e 25 anos, considerando que estes indivíduos têm duas vezes mais probabilidades de, também eles, virem a sofrer com este tipo de episódios.
Ao longo da investigação, os participantes preencheram questionários relacionados com o bem-estar generalizado e foi-lhes atribuída uma pontuação, na escala de 0 a 110, com base em aspetos como a alegria, as preocupações com a saúde, os níveis de ansiedade ou relaxamento, a energia e a satisfação com a vida.
Menos preocupações, mais saúde
Durante 12 anos, a equipa de Yanek documentou 208 episódios – morte súbita, ataque cardíaco ou outros problemas – entre o grupo dos irmãos. Os investigadores descobriram, então, que o bem-estar dos participantes mais otimistas estava associado a uma redução de um terço ao nível das patologias cardiovasculares e, entre os que estavam em maior risco, o otimismo ajudou a uma redução de 50%.
Os cientistas tiveram em consideração fatores importantes como a idade, os hábitos tabágicos, a diabetes, os altos níveis de colesterol e a hipertensão arterial.
Para validar os resultados, analisaram ainda informações semelhantes relativas a um outro grupo de participantes envolvido num estudo à parte e obtiveram resultados idênticos, com o risco de doença cardiovascular a cair 13% entre os indivíduos com temperamentos mais alegres.
Além disso, as conclusões provaram ser “universais”, mostrando-se idênticas em indivíduos caucasianos e afro-americanos, quer homens, quer mulheres.
De acordo com Lisa R. Yanek, os mecanismos que explicam este efeito positivo continuam por esclarecer, mas esta investigação traz uma nova visão acerca das interações entre corpo e mente, podendo constituir-se como uma peça importante no “puzzle” da compreensão destes mecanismos no futuro.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).