Fascinada pelas possibilidades e potencialidades que cada cidade tem e pode criar para se tornar inteligente, vai participar na primeira grande conferência sobre igualdade de género – a Women Summit 2017, que decorre na cidade do Porto, nos dias 7 e 8 de março. A mensagem que quer deixar é essa mesmo – “há igualdade de género e não devemos ver isto como um ponto mau, mas como um ponto em que podemos trazer a diferença e é nessa diferença, nessa diversidade na diferença, que podemos investir”.
Na sua perspetiva, o que não pode faltar a uma cidade para que ela seja verdadeiramente uma cidade inteligente?
Não pode faltar comunicação. Os sistemas de comunicação são muito importantes numa cidade para ela se tornar inteligente. E por que razão digo isto? Porque uma cidade inteligente tem informação de tudo – tem informação do seu nível de poluição, de onde as pessoas se encontram – determinados locais e horas nos quais é necessário dar um conjunto de serviços às pessoas, é uma cidade que tem conhecimento do seu trânsito, quais são as zonas complicadas. Se eu for um turista, quero chegar a uma cidade e ter toda a informação que preciso para poder passear na cidade, para ir aos vários museus, para coordenar isto tudo com transportes públicos. Isto significa que preciso ter essa informação. Como é que vou ter informação das pessoas, dos carros, dos sensores? Preciso de ter sistemas de comunicação porque eles vão permitir que eu consiga ter um sistema que agregue toda essa informação e, a partir daí, definir um conjunto de aplicações e serviços para tornar a cidade mais inteligente.
Nesse sentido, o que é que os presidentes de câmara e os próprios munícipes precisam de fazer para que os nossos municípios se tornem smart cities?
Hoje em dia, acho que na maior parte das cidades já o estão a fazer. Muitas vezes aquilo de que precisamos é de abertura. Ou seja, se quiser colocar uma cidade completamente interligada com sistemas de comunicação, vou precisar de integrar esses sistemas, vou precisar de os ligar à internet. Preciso de abertura para integrar em edifícios, ter uma interface com os sistemas de transporte, ter uma interface com os operadores de fibra e de cabo para poder fazer esta interligação na própria cidade.
Muitas vezes aquilo que é necessário dos sistemas municipais é esta abertura. E é também necessário que eles próprios tenham um conjunto de requisitos e que nos possam dar informação sobre quais são os problemas da cidade. Isso é bastante importante. Porque cada cidade é uma cidade diferente. Trabalhei e tenho trabalhado com algumas – com a do Porto, de Aveiro e também tenho tido interações com outras cidades – e cada uma delas tem características diferentes e problemas diferentes para resolver também.
Encontra em Portugal bons exemplos de smart cities ou de cidades que estão a transformar-se em smart cities?
Diria que o melhor exemplo de smart cities neste momento, a nível mundial, é a cidade do Porto. Este é o melhor exemplo porque é a única cidade que eu conheço que tem integrados os veículos dos sistemas de transporte – a STCP. Estão todos interligados entre eles e interligados à internet. Estão a dar acesso wi-fi às pessoas que estão dentro dos veículos e este acesso wi-fi não é como os acessos normais nas frotas com a rede celular. Não, é uma rede própria que construímos entre os veículos e, ao mesmo tempo, estamos a utilizar os veículos para agregar e para ir buscar informação aos sensores que já estão instalados na cidade.
Que eu conheça, uma cidade que integra numa mesma infraestrutura de comunicações um conjunto de serviços diferentes para os utilizadores, como o acesso à internet; serviços para as próprias frotas de transporte e que pode também recolher informação dos sensores e, a partir daí, dar um conjunto de serviços à câmara municipal, e não só, ou seja, a várias empresas que queiram construir aplicações sobre esta informação, diria que é a única.
Aquilo que tenho estado a tentar fazer nestes últimos tempos é, adaptando às necessidades de cada uma das cidades, ter um tipo de sistemas não semelhantes, porque cada cidade é uma cidade – por exemplo, aqui em Aveiro, se calhar o serviço de transporte, os autocarros, não é muito forte, não tem muitos veículos. Mas temos as bicicletas, temos os moliceiros, temos um conjunto de cenários completamente diferente no qual podemos trabalhar.
Uma boa investigação científica transformada num produto e serviço, materializados numa empresa bem-sucedida – a Veniam. Qual o segredo/a chave deste sucesso e que conselhos dará para que se repita mais vezes?
É uma situação especial, uma empresa especial também e também uma área especial! Porquê? Por um lado, era algo um pouco radical para integrar diretamente numa empresa e num produto comercial mas, por outro lado, era algo que não existia. Ou seja, o fator diferenciação, logo à partida, estava lá. E por isso é especial.
Noutra vertente, o grande trabalho que houve nessa altura foi tentar perceber, a nível comercial e a nível de produto, o que é que conseguiríamos dar. Qual era o modelo de negócios que poderia existir porque, por exemplo, pensando nas frotas de transporte de passageiros, podemos dar acesso à internet às pessoas, mas se calhar as pessoas não vão querer pagar mais nos transportes para poder ter esse serviço. Temos que convencer as frotas de transporte que realmente vão ter mais clientes por poderem ter estes serviços. Temos que pensar quais são os serviços que também lhes podemos dar, ou seja, para que eles possam controlar toda a sua frota, para que possam saber quantas pessoas têm em cada autocarro, quais são os atrasos médios que têm, se as linhas estão bem ajustadas. E eles podem ter depois esta informação também em tempo real.
Um fator também bastante importante foi perceber que com esta infraestrutura de comunicação podíamos dar outro tipo de serviços. E esta questão de smart cities é muito importante porquê? Porque o facto de ter um carro ligado à internet e, através desse carro, recolher informação de sensores é bastante importante. Fala-se muito em sensorizar toda a cidade, tudo bem, coloco sensores em todo o lado, mas preciso ter e recolher a informação destes sensores.
Se cobrir uma cidade com muitos veículos com sistemas de acesso à internet, existem sempre algumas alturas do dia em que estes veículos passam por esta zona. E a partir daí, funcionam como um ponto de acesso para os sensores. Assim como o são para as pessoas, para elas acederem à internet, são-no também para os sensores, para eles próprios acederem à internet. Depois recolhem informação dos sensores e levam-na para um servidor onde podemos processar sem qualquer problema.
A partir daí chegámos àquela situação em que considerámos que o conjunto de potencialidades, algumas delas que podiam ser implementadas logo na altura, outras não na altura, mas num futuro muito próximo, era bastante.
Com isso, tanto os business angels, como os investidores, ficaram convencidos. Além de ficarem convencidos, sugeriram logo também outras possibilidades e essa é também a parte interessante.
Falávamos na internet das coisas que se movem, sejam elas carros, moliceiros…
Também em drones aéreos, drones aquáticos, bicicletas…
Em que consiste efetivamente essa abordagem?
Vamos pensar nas redes sem fios que temos hoje em dia. Aqui no trabalho e em casa, vou ao café e aquilo que faço logo é procurar uma rede wi-fi. Claro que o meu telemóvel já é inteligente o suficiente para se ligar às redes que conhece, por isso sei que em determinados locais vou ter sempre acesso à internet e estarei sempre ligada.
Qual é o objetivo desta internet em movimento? É estender estas ligações que temos para as estradas. Quando digo para a estrada, digo para os rios, para uma praça, por exemplo, onde não existem pontos de acesso wi-fi.
Quando iniciámos este trabalho, havia uma área de investigação: as redes veiculares e que se iniciou, principalmente, para comunicação em cenários de emergência.
A partir daí começou-se a desenvolver e a definir uma tecnologia de comunicação que permite lidar com este movimento e com a possibilidade de podermos ter wi-fi, porque ela é baseada no wi-fi, mas modificada. A rede não pode ter interrupções porque é uma rede em que os carros estão sempre em movimento, mas eles têm que conseguir, em cada segundo, ou menos, garantir que a rede se está a adaptar e que todos eles continuem em comunicação.
A partir dessa tecnologia, conseguimos depois desenvolver os vários mecanismos que permitem fazer a ligação da rede, permitem fazer aquilo a que chamamos handhovers, ou seja, os carros ligam-se – por exemplo – a uma estação fixa que exista na cidade, mas à medida que se movem têm que se ligar através do carro a seguir. Depois, se não houver outra forma, têm que ligar com rede celular. Depois, assim que tenha outra vez possibilidade de ligar esta tecnologia, volta-se a ela, mas isto tem de acontecer sem ninguém se aperceber. Ou seja, estou ligada no carro com uma chamada Skype com alguém, que pode ter vídeo, e não quero ter qualquer mudança neste vídeo. Tudo isto tem que ser feito pela rede de forma instantânea e que eu não me aperceba. Os tempos de que falamos aqui são milissegundos – para que não nos consigamos aperceber. E é nisso que consiste, ou seja, todos estes vários mecanismos que colocamos para garantir que uma rede em movimento funcione.
Por que motivo é importante ter a rede em movimento? Para as cidades é muito importante porque sei que em qualquer altura hei de ter ou um carro, ou uma bicicleta ou um moliceiro num determinado local que me vai buscar toda a informação que preciso. Não preciso ter os pontos de acesso em todos os locais.
Do projeto que há pouco falava, no Porto, onde a Veniam começou por lançar na rede de transportes, começando por 600 autocarros da cidade e permitindo o acesso à rede wi-fi a mais de 60 mil utilizadores por mês, pergunto-lhe que tipo de dados têm sido recolhidos e que aprendizagens têm sido feitas graças a esses dados?
Por um lado temos os dados dos veículos, dos autocarros, e com estes dados conseguimos obter informação sobre onde é que eles se encontram, qual a velocidade e acelerações, quais são as zonas problemáticas na cidade. Temos também, não só os autocarros da STCP, mas também veículos da Câmara Municipal do Porto, e com estes veículos, mais uma vez, temos a monitorização toda deles.
Através do acesso à internet, temos informação das pessoas. Onde é que as pessoas estão, onde é que entram, onde é que elas saem, que tipos de viagens fazem.
Temos sensores que estão instalados em vários pontos da cidade, sensores de temperatura, luminosidade, de CO2, também sensores de ruído que nos permitem, por exemplo, correlacionar se esta é uma zona com muito trânsito; se tem ou não um dado nível de poluição; o que é que pode ser feito? Está ou não a chegar àqueles níveis que já estão fora dos admissíveis? O que é que se pode mudar na cidade? A partir daí poder ajudar vários tipos de equipas. A equipa da Câmara e sistemas de transportes e da Polícia consegue ter informação sobre as várias zonas em tempo real, conseguem perceber onde é que existem os problemas, o que é que podem mudar. Temos vindo a trabalhar sobre esta informação, tanto das pessoas, como dos sensores, como dos carros para ver qual é a correlação entre todos eles e o que é que é normal conhecido da cidade e identificar anomalias. Ou seja, “neste dia não é normal isto acontecer”, “há aqui um problema”, é gerado um alarme de forma automática. E há situações que podem ser resolvidas logo na altura e há situações que não podem.
Posso dar também o exemplo da recolha de resíduos. Existe um conjunto de veículos que estão ligados à internet que fazem a recolha dos resíduos dos contentores e alguns dos contentores estão debaixo do chão. Não temos ideia de como é que eles se encontram. Esta recolha pode ser muito ineficiente. Alguns destes contentores têm um conjunto de sensores que permitem identificar qual é o nível. Sempre que qualquer um dos carros, não têm que ser os camiões do lixo, mas qualquer um dos carros passa próximo destes contentores, pode recolher informação e a partir daí conseguimos saber qual é o nível. Recolhe esta informação, esta informação vai para um servidor e, assim que se deteta que está a ultrapassar um determinado nível, é enviada informação diretamente para um dos camiões que esteja mais próximo para poder recolher o lixo. Podemos com isso projetar quais são os melhores percursos a fazer, quais são as melhores horas também, quando é que se deve ir a determinados locais.
É com esse mesmo propósito que a Veniam também tem lançado projetos semelhantes noutras grandes cidades mundiais, como por exemplo Singapura, que também já está a encetar o seu próprio projeto de cidade inteligente?
Sim, sim… Ou seja, o que foi feito a partir do ponto em que foi possível colocar toda esta rede em funcionamento na cidade do Porto, esta rede passou a funcionar como uma montra. Porque, mais uma vez, era uma investigação um pouco radical e tivemos de a apresentar lá para fora como sendo algo: 1. que funciona, funciona bem (se não funcionar bem não será rentável como é óbvio); 2. que tem utilizadores, pelo que é vendável.
A partir daí, a estratégia da Veniam foi identificar um conjunto de locais onde se começaria a fazer a replicação deste tipo de soluções. Singapura e Nova Iorque foram os primeiros locais.
Há um ano afirmou que “Portugal é um espaço fantástico para o aparecimento de start-ups”, mas lamentava o “complexo de inferioridade nacional”. Ainda mantém esta visão?
Sinto que as coisas estão a mudar. Ainda ontem estava a ler um artigo de alguém lá de fora, se não me engano a TechCrunch, e referia exatamente isso, ou seja, é um espaço muito interessante, onde estão a aparecer muitas ideias e onde se estão a lançar muitas empresas que não existiam antes.
Não quer dizer que não houvesse empresas anteriormente, mas houve uma grande mudança ao nível daquilo que se chama o scale up das empresas. Não havia tanto esta mentalidade de “vamos ter business angels connosco para conseguir avançar com a empresa muito rapidamente, vamos ter venture capitals para apostar na empresa, para (mais uma vez) avançar de uma forma muito, muito rápida”. Isso só começou um bocadinho mais tarde, diria que foi algures em 2010-2011 que se começou a apostar nisso.
Havia aquele complexo de “eu sou português, sou pequeno, e tenho algum receio de ir lá para fora, de mostrar aquilo que tenho”, “se calhar não vão gostar, se calhar não vamos conseguir”.
Neste momento Portugal não é pequeno e não está na cauda da Europa. Talvez um pouco iniciado pela crise: às vezes a crise tem uma parte boa que é obrigar as pessoas a irem à luta. Dantes também havia um grande problema: agora vou iniciar, e se corre mal? Nos Estados Unidos não querem saber, valorizam. Falhou, ok, vamos aprender com aquilo que falhou e agora vamos iniciar a nova empresa. Aquilo que acontece é que quando chega uma determinada altura, uma pessoa já iniciou dez, quinze empresas, muitas falharam, outras não falharam e aprende-se com essa experiência.
Acho que hoje em dia as coisas estão a melhorar. É possível irmos lá para fora e mostrarmos que cá em Portugal se fazem coisas muito interessantes. A nível da engenharia, mas não só, também temos dos melhores engenheiros a nível mundial.
Professora, investigadora e empreendedora. Em qual destes papéis se sente mais realizada?
Hoje em dia estou a 100% na docência e na investigação. O caminho de uma empresa é muito interessante, principalmente nas primeiras fases, de agarrar na ideia e colocá-la como algo que se aproxime bastante de um produto, mas tenho sempre vontade de pensar em coisas novas. Pensando, não tanto em agarrar nesta rede e replicar, mas o é que, a nível de investigação, posso fazer para tornar esta rede mais robusta, com maiores funcionalidades. Isso para mim é bastante importante.
Também gosto muito da interação com os alunos, e por isso a docência também é algo que me agrada bastante. Poder passar-lhes o conhecimento, poder olhar para os olhos deles a vibrarem. Achei piada que no semestre passado havia uns alunos que me diziam muitas vezes: “a professora tirou-nos a magia, porque nós achávamos que era algo que aparecia de forma mágica e agora já sabemos tudo o que está por detrás” e isso tira a magia de como tudo é feito. Por isso gosto muito da interação entre docência, investigação e poder ter um conjunto de alunos e logo trazê-los para a investigação.
Há algum outro papel que ainda não tenha alcançado e que gostaria de realizar?
Acho que é normal do ser humano, vamos tendo fases na nossa vida em que gostamos de fazer mais umas coisas do que outras, e isso vai alterando ao longo da vida.
Por exemplo, naquela altura em que pensámos iniciar a empresa, a Veniam era algo de que eu precisava. Precisava de sair um pouco do mundo da investigação e entrar no mundo empresarial. Neste momento sinto que fiz o meu papel nessa área, agora o que sinto é querer voltar a fazer o mesmo, mas pensar no que é que posso, outra vez, levar lá para fora.
A nível de papel, neste momento estou bem com as várias atividades que tenho porque, de facto, estar sempre em interação com propostas novas, com a Comissão Europeia também, é muito importante porque vamos sabendo quais são as novas áreas, o que é que é importante, o que é que vai surgir.
Tenho também vindo a tentar perceber como é que posso colocar um conjunto de serviços que sejam interessantes noutras cidades, estou a falar da cidade de Aveiro e de algumas cidades circundantes. É algo que ainda não fizemos ainda que é integrar a bicicleta e é nisso que também estamos a trabalhar. Vou tentado perceber quais são as várias áreas, de forma muito prática, onde é interessante avançarmos.
Também temos projetos em meios aéreos, nos meios aquáticos – de monitorização da ria. Tudo isto requer muita investigação. Mais uma vez acaba por ser a internet para a qual estamos a trabalhar, mas que pode ser aplicada a muitas áreas e muitas vezes não temos noção quais são as áreas de aplicação que temos, por isso sinto que nesta fase ainda tenho muito que fazer. Mas não digo que daqui a um ano ou dois não sinta necessidade de outros rumos.
Veja o vídeo integral desta entrevista aqui.
Inovar é…
Olhar para aquilo que fazemos e pensar de que forma podemos tornar melhor a vida de alguém. Não tem que ser todas as pessoas. Que impacto é que isso vai ter.
Virtudes de uma investigadora
Tem que ser persistente, muito organizada e com o olhar sempre no futuro.
Lema de vida
Acho que não devemos preocupar-nos demasiado com as coisas. Alguém me disse há algum tempo que se houver algo que nos esteja a chatear num determinado momento e que nós sintamos que daí a dez anos ainda vai ter impacto então vale a pena chatearmo-nos com isso. Se não houver, então é melhor não darmos grande relevância. E por isso o lema é levar a vida ao sabor da corrente, daquilo que nos vai apetecendo.
App favorita
O telemóvel anda sempre comigo e o e-mail, o Skype, o Facebook para conseguirmos perceber como é que anda o mundo. Acabo por colocar tudo o que seja links de jornais, de televisão e notícias no Facebook e acaba por ser algo que me dá uma visão do que está a acontecer quase em tempo real.
Hobbies
Muitos dos hobbies no fim de semana acabam por ser sempre dedicados às atividades dos meus filhos. Mas tento ler, fazer algum exercício físico quando é possível e passear um pouco, conhecer novos mundos.
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