Um grupo de cientistas britânicos acaba de descobrir uma molécula que impede que as células cancerígenas respondam e sobrevivam quando privadas de oxigénio, o que poderá conduzir a novos tratamentos contra o cancro que as façam "sufocar".
Um grupo de cientistas britânicos acaba de descobrir uma molécula que impede que as células cancerígenas respondam e sobrevivam quando privadas de oxigénio, o que poderá conduzir a novos tratamentos contra o cancro que combatam a doença fazendo-as “sufocar”.
As conclusões do estudo, desenvolvido por investigadores da Universidade de Southampton, em Inglaterra, ao serviço da Cancer Research UK, foram publicadas esta sexta-feira na revista científica Journal of the American Chemical Society.
Em comunicado, a Universidade de Southampton explica que os cientistas descobriram que a molécula em causa tem como alvo o principal “interruptor” que faz com que as células doentes se adaptem a níveis de oxigénio reduzidos (o HIF-1), uma caraterística comum do cancro.
Segundo os especialistas, todas as células precisam de oxigénio e nutrientes para sobreviver. Os tumores cancerígenos crescem rapidamente e, à medida que o tumor aumenta, interrompe o fornecimento destes dois elementos que os vasos sanguíneos circundantes lhe fazem chegar.
Porém, o tumor é capaz de se adaptar a esta falta de oxigénio graças à ação do HIF-1, que ativa centenas de genes que permitem às células cancerígenas a sobrevivência. Este “interruptor” forma novos vasos sanguíneos em redor dos tumores, aumentando o fornecimento de oxigénio e nutrientes e, consequentemente, permitindo-lhe continuar a crescer.
A equipa, coordenada por Ali Tavassoli, encontrou uma forma de obrigar as células cancerígenas a deixar de usar este mecanismo através de uma abordagem denominada “biologia sintética”. Depois de testar 3,2 milhões de potenciais compostos, conseguiram detetar uma molécula capaz de travar o funcionamento do HIF-1.
Próximo passo é o desenvolvimento da molécula
“Encontrámos uma forma de atacar os passos que as células cancerígenas seguem para sobreviver e esperamos que a nossa investigação venha a conduzir a medicamentos eficazes que façam com que o cancro deixe de ser capaz de se adaptar a um ambiente com pouco oxigénio, travando o seu crescimento”, afirma Tavassoli, em comunicado, adiantando que o próximo passo é “desenvolver esta molécula para criar uma terapia eficiente”.
Julie Sharp, da instituição Cancer Research UK, salienta que “encontrar uma forma de 'enganar' os mecanismos que as células cancerígenas usam para se adaptar e crescer na ausência de oxigénio tem sido uma questão muito investigada pelos cientistas, mas não tem sido possível encontrar medicamentos capazes de o fazer eficazmente”.
“Pela primeira vez, os nossos cientistas descobriram um caminho que permite bloquear o principal interruptor que controla a resposta das células aos níveis reduzidos de oxigénio. Trata-se de um passo importante na criação de um fármaco que possa atacar o cancro”, conclui a responsável.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).