Emoções como o medo, a raiva, a tristeza e a alegria permitem que as pessoas se adaptem ao ambiente circundante, reagindo de forma adequada ao stress. São emoções vitais para funcionar em sociedade. Contudo, o funcionamento desadequado destas emoções pode conduzir a problemas psicológicos graves.
O processamento de emoções está intimamente ligado a uma estrutura do cérebro conhecida como 'sistema límbico'. Dentro deste sistema, a amígdala desempenha um papel fundamental já que processa as emoções negativas como a ansiedade e o medo. Quando a atividade da amígdala se torna deficiente, surgem perturbações psicológicas como a depressão.
Investigadores da Universidade de Psiquiatria do Hospital de Zurique (Suíça) demonstraram que há uma substância dos cogumelos mexicanos alucinogénios, conhecida como psilocybin, que atua sobre a amígdala, ajudando a processar os estímulos negativos.
Esta investigação “pode apontar para novas maneiras de lidar com o tratamento de depressões”, afirma em comunicado Rainer Krähenmann, autor principal do estudo publicado esta semana no jornal Biological Psychiatry.
Psilocybin inibe processamento de emoções negativas
O processamento de emoções negativas pode ser prejudicado por vários motivos ligados a doenças mentais. Por exemplo, quando a atividade da amígdala se torna demasiado intensa, os neurónios reforçam os sinais negativos. De acordo com a equipa de Zurique, a substância Psilocybin intervém especificamente neste mecanismo.
Os cientistas assumiram que a psilocybin exerce o seu ‘poder’ através do sistema límbico do cérebro. Para comprovar as suspeitas, a equipa recorreu a imagens obtidas através de ressonância magnética, comprovando que a psilocybin influencia de modo positivo a disposição psicológica de indivíduos saudáveis, ao estimular os recetores da serotonina.
“Mesmo uma pequena dose de psilocybin é suficiente para enfraquecer os estímulos negativos, modificando a atividade da amígdala do sistema límbico”, explica Krähenmann.
Próximo estudo com doentes depressivos
De acordo com o autor do estudo, estas observações marcam um importante avanço clínico já que os doentes com depressão reagem de forma mais intensa a estímulos negativos e os seus pensamentos giram sistematicamente à volta de assuntos negativos.
Assim, a equipa da universidade suíça quer agora estudar o efeito da psilocybin em doentes com depressão, para perceber se pode normalizar o excesso de estímulos negativos, melhorando o estado psicológico.
Rainer Krähenmann considera importante encontrar novas substâncias de tratamento destas doenças, já que os medicamentos atuais não são eficazes para todos os doentes e têm muitas vezes efeitos secundários severos.