A sonda europeia Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), da qual Portugal faz parte, fotografou recentemente, em alta resolução, o leito de um antigo rio marciano com vários afluentes.
A sonda europeia Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), da qual Portugal faz parte, fotografou recentemente, em alta resolução, o leito de um antigo rio marciano com vários afluentes, que terá atravessado, no passado distante do planeta vermelho, as montanhas de Promethei Terra antes de correr pela vasta região da bacia de Hellas.
O leito do rio – denominado Reull Vallis – mostrado nas fotografias, com 300 metros de profundidade, mede 1.500 quilómetros de comprimento e as suas margens podem ser vistas de forma muito bem definida nas imagens recolhidas.
De acordo com um comunicado da ESA, os especialistas acreditam que os sulcos paralelos no leito do curso de água terão sido resultado da passagem de detritos e gelo durante o período Amazoniano do planeta, que está ainda a decorrer na atualidade.
Vista topográfica do Reull Vallis
Porém, segundo os cientistas, estas estruturas – que também podem ser encontradas em várias crateras próximas e que deverão ser ricas em gelo – ter-se-ão formado muito tempo depois de o leito do rio ter sido moldado pela água em estado líquido que por lá passou, o que aconteceu ainda no decurso do período Hesperiano de Marte, que terá terminado há 1,8 mil milhões a 3,5 mil milhões de anos.
A ESA salienta que a região fotografada, no final do ano passado, pela Mars Express, mostra “semelhanças impressionantes” em termos de morfologia em relação a várias zonas da Terra afetadas pela glaciação, o que poderá significar que terá havido, em Marte, níveis elevados de água ou gelo antes de estes se terem sublimado ou evaporado ao longo do tempo.
A morfologia de Reull Vallis sugere, portanto, que a sua história terá sido “diversa e complexa”, podendo ser feita uma analogia com o que se verificou no nosso planeta durante as eras do gelo.
Segundo a agência espacial europeia, estas analogias vão ser úteis para dar aos especialistas em ciências planetárias uma visão do passado do planeta vermelho, que poderá ter tido eventos muito parecidos com os do nosso próprio mundo.