O comportamento dos DES, isto é, a distribuição ao longo do tempo do fármaco libertado, é determinado por uma complexa combinação de fenómenos que dependem das propriedades do polímero, das propriedades do fármaco e da situação clínica do paciente, em particular do estado das paredes do vaso sanguíneo.
E é por esta razão que o modelo desenvolvido pela equipa do Centro de Matemática da UC, constituída pelos investigadores José Augusto Ferreira, Maria Paula Oliveira e Jahed Naghipoor, em colaboração com Lino Gonçalves, diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, pode assumir um papel preponderante.
Libertação de fármaco personalizada para cada paciente
O modelo permite a introdução de parâmetros que caracterizam a situação clínica do paciente, como, por exemplo, a viscosidade do sangue e a geometria e composição da placa aterosclerótica.
Uma vez personalizado o quadro clínico, o conjunto de equações que constituem o modelo simula a distribuição de fármaco, ao longo dos meses subsequentes à implantação do stent, assim como algumas características da circulação sanguínea na região de implantação, para cada paciente individual.
As informações fornecidas pelo modelo podem constituir uma importante ferramenta de apoio à decisão clínica, possibilitando a definição de estratégias terapêuticas para prevenir o aparecimento da reestenose.
Este trabalho, publicado na revista científica Mathematical Biosciences, foi desenvolvido ao longo de quatro anos. A modelação matemática do acoplamento “in vivo”, de um stent e de um vaso sanguíneo, revelou-se uma tarefa de elevada complexidade porque o processo depende de múltiplos fenómenos interdependentes como as características da degradação do revestimento polimérico do stent, a cinética do fármaco na matriz polimérica, a sua difusão na parede do vaso sanguíneo e a influência das propriedades fisiológicas da parede do vaso.
Os investigadores pretendem agora completar o modelo, «através da criação de um novo algoritmo que tenha também em atenção a proliferação celular que ocorre durante a reestenose. Seguir-se-á a validação do modelo, que se baseará na casuística do Serviço de Cardiologia. Concluída esta fase, a equipa disponibilizará uma plataforma computacional a ser utilizada em ambiente hospitalar”, explica o investigador José Augusto Ferreira .