O estudo baseia-se na introdução desta proteína em sementes de soja geneticamente modificadas. O objetivo é ampliar e facilitar a produção desta proteína que impede a multiplicação do vírus HIV no corpo humano, para criar um gel que será utilizado durante a relação sexual, como forma de prevenção do contágio.
De acordo com Elíbio Rech, coordenador da investigação na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, nesta pesquisa foram também testadas outras biofábricas, como plantas de tabaco, bactérias e leveduras, explica o comunicado divulgado no site desta empresa.
Contudo, a única biofábrica que se mostrou eficaz ao nível da produção da cianovirina foi a soja, uma vez que as suas sementes permitem subdividir a cianovirina em quantidades escaláveis mantendo as suas propriedades.
A principal vantagem do uso da soja na produção desta proteína extraída da alga azul-verde é o baixo custo do processo de produção. Para combater o vírus da SIDA, este composto liga-se a açúcares, impedindo a multiplicação do HIV.
“Se a soja for plantada numa estufa mais pequena do que um campo de basebol (com cerca de 98 metros), é possível produzir cianovirina suficiente para proteger uma mulher 365 dias por ano, durante 90 anos seguidos”, explicam os investigadores, citados pelo mesmo comunicado.
Biofábricas podem reduzir custos até 50 vezes
De acordo com a mesma fonte, o uso de biofábricas pode reduzir os custos de produção de proteínas até 50 vezes menos. Estes compostos são idênticos aos originais e não têm quaisquer perigos para o consumidor, uma vez que não estão sujeitas à contaminação e purificação de organismos que causam doenças em seres humanos.
O próximo passo é a produção de sementes de soja em larga escala para isolar a cianovirina e começar os estudos pós-clínicos do gel. Em breve, os cientistas vão contar também com a colaboração de cientistas do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul.
Esta descoberta vai permitir o combate à SIDA em países com altas taxas de infeção, como é o caso de alguns países africanos, que desta foram, vão passar a ter uma licença de produção de cianovirina, livre do pagamento das taxas das patentes. Só na África existem mais de 24 milhões de pessoas infetadas com este vírus.
Elíbio Rech explica que estas sementes geneticamente modificados não serão plantadas no campo, mas sim em condições controladas dentro de casas de vegetação ou estufas. Os resultados desta investigação foram publicados na revista norte-americana Science.
A investigação, que começou em 2005, foi realizada em parceria entre a empresa brasileira Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês) e a Universidade de Londres.
Notícia sugerida por António Resende