A prática regular de exercícios físicos moderados e a socialização podem a viver mais e melhor. A garantia é dada por cientistas norte-americanos e por um estudo que revelou também que fazer caminhadas rejuvenesce e aumenta o tamanho do cérebro.
A prática regular de exercícios físicos moderados e a socialização podem ajudar os mais velhos a viver mais e melhor. A garantia é dada por cientistas norte-americanos e por um estudo que revelou também que fazer caminhadas rejuvenesce e aumenta o tamanho do cérebro, diminuindo as probabilidades de demência.
As conclusões do estudo em causa, desenvolvido pela Universidade de Pittsburgh, foram apresentadas esta terça-feira, em Chicago, EUA, no decurso da conferência anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).
A investigação envolveu 120 pessoas com idades entre os 60 e os 80 anos e observou que fazer caminhadas ligeiras de 30 a 40 minutos três vezes por semana é tudo o que é necessário para “rejuvenescer” as estruturas do cérebro associadas ao declínio cognitivo nas fases mais avançadas da vida.
O efeito desta prática, explicou Kirk Erickson, professor de Psicologia daquela universidade e coordenador do estudo, citado pela AFP, é equivalente ao de parar o envelhecimento do cérebro durante um a dois anos, o que demonstra o poder do exercício físico na regeneração cerebral.
Através de ressonâncias magnéticas efetuadas antes e depois do estudo (que durou um ano), Erickson e a equipa constataram que os indivíduos que seguiram este “regime” de caminhadas beneficiaram de um aumento em duas regiões particulares do cérebro, o córtex pré-frontal e o hipocampo, fortemente associado à memória, ao passo que o cérebro daqueles que fizeram apenas alongamentos continuou a degradar-se.
“Fazer entre seis meses e um ano de atividade física regular permite, de facto, aumentar o tamanho do córtex pré-frontal e do hipocampo, duas regiões que se deterioram e 'encolhem' à medida que envelhecemos”, explicou Erickson à AFP.
“O córtex pré-frontal está muito envolvido nas funções cognitivas e o hipocampo está associado à formação de memória, pelo que, quando estes 'encolhem', há grande probabilidade de desenvolver doença de Alzheimer ou outras doenças”, esclareceu, acrescentando que os resultados do estudo sugerem que o cérebro adulto continua a ser muito maleável mesmo em idade avançada.
“O declínio inevitável que costumávamos achar que existia pode, afinal, ser travado. É possível melhorar as funções cerebrais recorrendo apenas a quantidades moderadas de atividade física”, concluiu.
Chave é promover o exercício e evitar a solidão
A mesma posição foi reforçada, durante a conferência da AAAS, por John Cacioppo, docente de Psicologia na Universidade de Chicago que apresentou naquela cidade uma análise de vários estudos científicos que publicou em 2010, baseados numa investigação que englobou cerca de 20 mil pessoas.
“A sensação extrema de solidão pode aumentar em 14% o risco de morte precoce numa pessoa idosa. O impacto é tão nefasto quanto o facto de se ser socialmente desfavorecido”, afirmou o investigador, que acrescentou que a solidão profunda está, por norma, associada a problemas como perturbações de sono, hipertensão arterial, alterações imunológicas e estados depressivos.
Com frequência, a solidão é acompanhada de uma vida sedentária, o que contribui para debilitar a saúde, realçou o cientista, segundo o qual o exercício, mesmo que consista apenas em caminhadas regulares, pode diminuir para metade o risco de doenças cardiovasculares e de Alzheimer, sendo muito mais benéfico se associado à socialização.