Enviar e receber aromas por SMS pode parecer ficção científica, mas está prestes a deixar de sê-lo graças ao oPhone, um aparelho que deverá começar a ser comercializado a partir do início de 2015.
Enviar e receber aromas por SMS pode parecer ficção científica, mas está prestes a deixar de sê-lo graças ao oPhone, um aparelho que deverá começar a ser comercializado a partir do início de 2015 e que está a ser desenvolvido por investigadores da Universidade de Harvard, nos EUA.
Este aparelho de forma cilíndrica idealizado por David Edwards, professor de Engenharia Biomédica daquela universidade, não é mais do que uma pequena caixa branca capaz de gerar sinais aromáticos complexos em rápida sucessão de pequenas emissões de vapor da mesma forma que um telefone padrão transmite informações de áudio.
A ideia saiu de um dos cursos de Edwards em Harvard e levou-o a cofundar a sociedade Vapor Communications, que está agora a trabalhar no projeto. O sistema funciona graças à manipulação tecnológica de partículas, semelhante à que acontece na tecnologia dos aerossóis médicos.
Segundo David Edwards, “há um grande interesse [na nova tecnologia] por parte da região de Sillicon Valley”, conhecida pela grande concentração de empresas que trabalham em inovações científicas e tecnológicas, porque o sistema poderá, “concretamente”, permitir “mudar a comunicação global da atualidade”.
Em entrevista à AFP no escritório do seu laboratório em Paris, onde concilia arte e ciência, o especialista revelou que o oPhone, que, inicialmente, vai estar somente disponível para utilizadores de iPhone através de um aplicativo gratuito chamado “oSnap” que poderá ser descarregado a partir de 17 de Junho, conta, para já, com 32 odores originais.
Para criar o seu próprio odor, cada pessoa poderá combinar de um a oito aromas, o que se traduz num total de 300 mil combinações possíveis. Uma vez que o leque de odores é muito amplo no mundo real, Edwards e a sua equipa escolheram algumas fragrâncias particulares para começar as experiências.
“Escolhemos dois domínios: o do café, para o qual trabalhamos com os fundadores da Café Coutume [empresa parisiense]e, mais amplamente, o da alimentação”, contou o engenheiro, acrescentando que, quando o sistema estiver em funcionamento, um utilizador poderá, por exemplo, tirar uma fotografia durante um passeio na floresta e adicionar-lhe um ou vários odores para 'ilustrar' o ambiente olfativo.
Seguidamente, bastará enviar um 'oNote' (arquivo transmitido por SMS) ao destinatário, que visualizará a mensagem no site criado para o efeito e, se também tiver um iPhone e um oPhone, poderá fazer o download do arquivo para sentir o aroma, que será produzido por cartuchos denominados 'oChips'.
Aparelho vai ser demonstrado em Junho em Paris
Entre 19 e 31 de Junho, os curiosos poderão assistir, no laboratório de David Edwards, em Paris, a uma demonstração do aparelho, paralelamente à qual será lançada uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Indiegogo.
Quem contribuir para o financiamento do projeto terá direito a beneficiar do produto em primeira mão a um preço mais reduzido (149 euros) do que os 199 euros a que o mesmo deverá ser comercializado no mercado.
“O mercado para a nossa estrutura consistirá, num primeiro momento, nos 'oChips' [cartuchos dos aromas], que serão vendidos a 20 dólares [cerca de 15 euros] cada quatro”, desvendou Edwards, que acrescentou que “o preço deverá cair rapidamente à medida que a produção se estender e o design se miniaturizar”.
Futuramente, haverá também “a possibilidade de tirar uma fotografia da qual o 'software' deduzirá o odor”, antecipou o investigador, que considera que o campo de aplicações deste sistema é quase infinito mas que, no que toca às SMS, o comércio online deverá ser o sector mais promissor.
Apesar de, neste momento, não ser ainda possível imaginar um dispositivo capaz de analisar um odor para retranscrevê-lo fielmente – algo que é, para Edwards, “muito complicado por enquanto”, a ascensão da mensagem olfativa poderá vir a ter um caráter revolucionário equivalente ao da impressão em 3D.
Notícia sugerida por Maria da Luz e Maria Pandina