A iniciativa arrancou no ano letivo passado, quando os professores identificaram alguns casos preocupantes. “Mais de cem alunos vinham almoçar ao fim de semana. Muitos traziam pela mão os irmãos mais pequenos que ainda nem sequer estavam em idade escolar. E os mais velhos, que já tinham deixado de estudar, também apareciam. Não negávamos almoço a ninguém”, refere ao Expresso Ivone Calado, diretora do Agrupamento de Escolas da Serra das Minas, em Rio de Mouro.
E porque a crise se estende a todo o país, há outras autarquias que planeiam fazer o mesmo. É o caso de Setúbal, onde a presidente da Câmara, Maria das Dores Meira, pondera igualmente manter algumas cantinas escolares a funcionar fora do período escolar.
“Muitos meninos chegam ávidos à segunda feira e querem repetir o prato duas ou três vezes. A contar com isso, algumas cantinas já aumentam a quantidade de comida feita nesse dia”, conta ao Expresso.
Os concelhos da Trofa e de Faro, onde se verifica um aumento crescente do número de alunos em situações precárias, estão igualmente a estudar medidas de apoio à sua comunidade. A escola assume, assim, um papel cada vez mais relevante no campo da solidariedade social, muitas vezes mesmo sem o apoio estatal ou do poder local.
De norte a sul do país e também nas ilhas, os professores e os dirigentes das escolas organizam-se para recolher roupa e manuais para as crianças cujas famílias deixaram de pertencer à classe média e já não podem garantir despesas que, outrora, não eram um obstáculo.
A secundária de Pinhal do Rei, na Marinha Grande, dá mais um exemplo de verdadeira solidariedade, aos distribuir a fruta e o pão que sobram dos almoços aos alunos mais pobres.
[Notícia sugerida pela utilizadora Raquel Baêta]