A utilização de códigos de barras nos hospitais e farmácias pode levar a uma poupança, em 10 anos, de 561 milhões de euros. Este sistema pode ainda evitar 42 por cento dos erros de medicação
A utilização de códigos de barras nos hospitais e farmácias pode levar a uma poupança, em 10 anos, de 561 milhões de euros. Este sistema pode ainda evitar 42 por cento dos erros de medicação, revela o estudo de uma consultora portuguesa.
Estes são os principais resultados do estudo “Impactos da adoção de ‘standards’ globais na cadeia de valor da saúde em Portugal”, realizado pela consultora Augusto Mateus e Associados, com o patrocínio da GS1 Portugal. Os resultados foram apresentados esta quinta-feira, na Ordem dos Médicos.
“A dimensão e relevância da amostra, com a auscultação a mais de 50 entidades da cadeia de valor da Saúde, e a magnitude das poupanças apuradas (…) levam-nos a concluir que a adoção destas práticas na cadeia de valor da saúde conduzem à maior eficiência e sustentabilidade deste setor. Ajudam, além disso, a combater eficazmente a adulteração, falsificação e contrafação de medicamentos e dispositivos médicos”, afirma, num comunicado enviado ao Boas Notícias, o responsável da consultora e antigo ministro da Economia, Augusto Mateus.
“O estudo agora apresentado (…) mostra as múltiplas vantagens dos ‘standards’ globais num setor que lida com vidas humanas. Este sistema pode trazer uma maior segurança para o paciente, maior integração e comunicação entre os diversos intervenientes na cadeia de valor e um maior e melhor controlo por parte das autoridades sanitárias e de regulação”, assegura João de Castro Guimarães, diretor-executivo da GS1 Portugal.
A nível macro, e num período de dez anos, o estudo sublinha o “forte potencial de obtenção de ganhos líquidos”, estimando “poupanças para a economia entre 239 e 561 milhões de euros”. Valores que podem ser superiores se for usado um sistema com serialização. Neste caso, essas poupanças ficariam entre os 113,5 e os 230 milhões de euros, diz o estudo.
Com este sistema, a área da saúde passaria a funcionar de um modo semelhante às empresas de retalho, ajudando todos “os seus interlocutores a ‘falar uma mesma linguagem”.
Ao permitir a identificação, captura e partilha de toda a informação relevante sobre determinado medicamento, dispositivo médico e sobre o paciente, em qualquer fase da cadeia de valor, a codificação única e universal pode trazer melhorias substanciais para o paciente e o Erário público, conclui o estudo da consultora.
Atualmente, o Infarmed utiliza, nos medicamentos, um selo com um código de barras simplificado (diferente dos ‘standards’ globais) que só funciona a nível nacional e que não permite ter informação mais detalhada sobre os produtos, omitindo dados como, por exemplo, o prazo de validade ou o lote a que pertencem.