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Saúde: Beja vai produzir morfina a partir de papoilas

Já estão a ser colhidos os "frutos" da primeira plantação industrial de papoila no Alentejo, que vão permitir produzir morfina para fins medicinais numa fábrica em Beja a partir do cultivo destas flores naquela região.
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Já estão a ser colhidos os “frutos” da primeira plantação industrial de papoila no Alentejo, que vão permitir produzir morfina para fins medicinais numa fábrica em Beja a partir do cultivo destas flores naquela região. O projeto é resultado de uma aposta da farmacêutica escocesa Macfarlan Smith.
 
Uma máquina especializada está atualmente a colher, na zona do Alqueva, as primeiras papoilas semeadas em Novembro de 2013 num terreno de 800 hectares pertencente a cerca de 40 agricultores alentejanos. 
 
Em entrevista à Lusa, Jonathan Gibbs, diretor de operações para Portugal da Macfarlan Smith, explicou que, “para reduzir o risco e aumentar a segurança do abastecimento”, a companhia necessitava de expandir a sua área de plantação de papoilas no Reino Unido, tendo optado pelo Alentejo após a análise de vários locais na Europa.
 
Segundo Gibbs, a região portuguesa reúne “os ingredientes para produzir uma boa colheita”. “O que o Alentejo oferece é a luz do sol, o calor, os solos, a forte capacidade dos agricultores e, mais importante, a barragem do Alqueva”, realça o responsável.
 
Depois dos resultados positivos conseguidos em sequência das experiências feitas pela Macfarlan Smith no Alentejo, a companhia obteve, em Março do ano passado, a licença do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde para plantar papoilas na zona do Alqueva com o propósito de extrair e produzir morfina para fins medicinais. 
 
De acordo com Jonathan Gibbs, a primeira colheita “parece ser bastante aceitável” e é apenas o passo inicial do projeto, já que os escoceses ambicionam dobrar a área de plantação para 1.600 hectares em 2015 e para 3.200 hectares em 2016, esperando obter maiores concentrações de morfina por hectare de papoilas semeado no Alentejo em relação às obtidas nas plantações britânicas. 
 
No âmbito do seu plano de investimentos no Alentejo, a Macfarlan Smith está a construir a primeira fase da fábrica de produção de morfina para fins medicinas em Beja. Inicialmente, a unidade fabril vai servir para armazenar e fazer o processamento inicial das papoilas, desvendou Jonathan Gibbs.
 
O diretor de operações salientou que esta primeira parte da fábrica, que corresponde a um investimento de cerca de quatro milhões de euros, deverá estar pronta no final deste ano e que a Macfarlan Smith espera ter a produção da primeira colheita de papoilas no Alentejo totalmente processada em Beja e pronta para seguir para Edimburgo em Fevereiro de 2015. 
 
A longo prazo, a empresa deverá construir a segunda parte da unidade fabril, que ainda necessita de obter licença do Infarmed e que poderá constituir um investimento entre 20 e 40 milhões de euros com o objetivo de permitir que a extração e produção de morfina a partir das papoilas alentejanas possa ser feita em Beja. 
 
Entretanto, a Macfarlan Smith vai continuar a semear papoilas no Reino Unido para a unidade de produção de morfina em Edimburgo.

Agricultores portugueses satisfeitos com a experiência

 
Filipe Cameirinha, um dos agricultores envolvidos no projeto, confessou à Lusa que aceitou o “desafio” da farmacêutica escocesa por considerar “interessantíssima” a cultura de papoila e por acreditar que o Alentejo oferece “das melhores condições” para o cultivo deste tipo de planta.
 
“Foi isso que nos levou a aceitar este desafio”, admitiu o agricultor, frisando que a primeira sementeira “correu muito bem” e é para “repetir”. 

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