A perda de massa muscular costuma demorar a ser percebida pelas pessoas, pois trata-se de um processo que faz parte do envelhecimento. Estudos revelam que em pessoas saudáveis, a diminuição da massa magra geralmente inicia-se após os 30 anos de idade com perdas em torno de 1% a 2% ao ano. Este processo de diminuição da massa muscular (massa magra) é chamado de sarcopenia, que causa grandes dificuldades na qualidade de vida de todas as pessoas com o avançar da idade.
O que dizem os especialistas?
Segundo o nutricionista desportivo, treinador e consultor técnico da Atlhética Nutrition, Geovanni Sampaio, a sarcopenia é uma das mais significantes alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento. “Esse processo de perda de massa muscular pode ser desencadeado por diversos fatores e não podemos menosprezar, como alterações hormonais, diminuição de ingestão de proteína e sedentarismo. A sarcopenia causa importantes alterações na mobilidade do idoso, aumento de incapacidade funcional, aumentando a prevalência de patologias articulares como artrose e artrites. O treino de força tem-se revelado ser o método de treino mais efetivo para reverter todo esse processo de envelhecimento. A musculação já vem sendo evidenciada na literatura como protagonista no ganho de força e hipertrofia nos idosos, melhorando as suas atividades diárias, diminuindo assim o risco de fraturas por quebras”. Um programa alimentar bem elaborado e equilibrado é em suma importante para potencializar os ganhos do treino de força, retrocedendo assim a sarcopenia, “alguns suplementos destacam-se nesse auxilio de ganho de massa muscular, os mais promissores são a creatina e o whey protein (proteína do soro do leite). A creatina é um dos suplementos mais evidenciados na literatura científica, diversos estudos demostram que a suplementação de creatina associada ao treino de força resulta na hipertrofia muscular”, explica Giovanni.
A nutricionista Juliana Guerrero, esclarece que a sarcopenia está claramente associada a outras consequências para a saúde. “É uma das principais causas de fragilidade, quedas, fraturas e mais importante, prevê mortalidade futura em adultos de meia-idade e idosos. Os mecanismos por trás do desenvolvimento da sarcopenia não são totalmente compreendidos, mas evidências acumuladas sugerem que é uma síndrome com etiologia multifatorial, que inclui a má nutrição e a inatividade física, mecanismos hormonais, metabólicos, inflamatórios e nutricionais, o decréscimo do número de fibras musculares e unidades motoras, atrofia muscular e outras doenças envolvidas”. O deficit no consumo energético, de proteínas e nutrientes pode levar a desnutrição, que é um problema comum e crescente, em especial, na população de idosos. “São diversas as alterações que ocorrem no organismo no processo de envelhecimento que contribuem para esta situação, como a perda de apetite, redução do esvaziamento gástrico, saciedade precoce, menor absorção, alteração de paladar e olfato, doenças associadas, etc. Além de comer menos, incluindo menos proteínas, os idosos têm maior necessidade de proteínas por inúmeros fatores: diminuição da resposta anabólica à proteína, catabolismo proteico relacionado a doenças, baixa disponibilidade de aminoácidos, diminuição da perfusão muscular, alterações hormonais, etc.”, explica Juliana. “Os suplementos alimentares auxiliam as pessoas que necessitam de uma harmonização na sua composição nutricional, desta maneira, muitos suplementos têm sido estudados, entre eles estão: suplementos proteicos (geralmente com outros nutrientes fornecendo calorias extras), creatina, aminoácidos (principalmente leucina), *ácido β-hidroxi β-metilbutírico (HMB; um metabólito bioativo da leucina), vitamina D, antioxidantes (vitamina E, C e carotenoides) e Omega-3. O impacto dos suplementos pode depender do estado nutricional de base, da severidade inicial da sarcopenia e do tempo de adesão. Toda suplementação deve ser individualizada e realizada por um profissional capacitado”, resume a nutricionista.
De acordo com o educador físico e treinador funcional Alexandre Augusto Silva, a prevenção e o tratamento da sarcopenia envolve a prática de exercícios de resistência, conforme as condições físicas de cada pessoa. “Os exercícios isométricos sem movimento, como por exemplo, a prancha de abdômen, ou a cadeira romana, onde o indivíduo se segura sentado encostado na parede com o apoio das pernas sustentando o corpo, esses são recomendados para pessoas que possuem algum problema para movimentar a articulação, como dores no joelho. O exercício da cadeira estática evita sobrecarregar a articulação do joelho e fortalece os músculos dos membros inferiores”. O profissional aponta que os exercícios resistidos são de suma importância para prevenir a sarcopenia, retardando assim as perdas decorrentes do envelhecimento. “Os exercícios com pesos conseguem impedir a perda de mobilidade e a atrofia muscular. Estamos falando de exercícios com pesos, musculação, caminhada e aulas funcionais em academia, que evitam a incapacidade física de pessoas sedentárias. Contribuem para evitar doenças crónicas, melhoram a forma do corpo, promovem o aumento da capacidade de trabalho físico, estimulando a força e a resistência musculares, a flexibilidade e a capacidade de aceleração. Dentre estes, a musculação é a principal atividade para combater a sarcopenia, em segundo lugar, considero a hidroginástica por ser mais suave com as articulações”, propõe Alexandre Augusto.
Os suplementos alimentares desempenham um papel potencialmente benéfico na melhora da saúde, performance física e redução do risco de doenças crónicas. Para o consumo destes, é necessário lembrar que é imprescindível a orientação profissional, para equilibrar a alimentação, de maneira que não falte nenhum tipo de nutriente para o organismo.