Na génese da SCML – fundada há 500 anos – esteve sempre implícito o objetivo de “ajudar a população mais desprotegida de Lisboa”, relembra ao Boas Notícias a Administrado de Saúde da SCML, Helena Lopes da Costa.
“Nós entendemos que devíamos regressar de certa forma às origens e abrir novamente a saúde à população”, sublinha a responsável, explicando desta forma o lançamento da iniciativa para a qual foram recuperadas duas unidades móveis, uma tenda, e mobilizadas equipas de enfermeiros.
Nos próximos dois meses vão ser efetuados rastreios num projeto de parceria com a Sociedade Portuguesa de Pneumologia mas, nos meses seguintes, vai ser dada atenção também às doenças cardiovasculares, cancro da pele, doenças sexualmente transmissíveis, obesidade, diabete e osteoporose, “sempre com a parceria de sociedades científicas”.
O objetivo é “ir ao encontro da população desprotegida, daquelas pessoas que tentam relegar a saúde para segundo plano”, mais fragilizadas pelo contexto económico do país, para “sensibilizá-las e prevenir”, adianta a responsável.
Primeiros rastreios vão sensibilizar e prevenir doenças respiratórias
Nas unidades móveis de rastreio instaladas no Martim Moniz já circulavam, na manhã de hoje, várias pessoas de todas as idades e proveniências. Algumas tiveram conhecimento da ação através de entidades ligadas à SCML e outras foram aparecendo, movidas pela curiosidade.
Maria do Carmo Correia, de 68 anos, conta ao Boas Notícias que chegou ali por acaso. “Ia a passar, vi a tenda, e resolvi ficar para fazer um exame”, explica. O facto de já não ser “muito nova” e de ter “uns quantos problemas” foram algumas das motivações para ficar. A outra razão, semelhante à dos muitos casos presentes, foram as dificuldades económicas.
“É muito bom [fazerem este tipo de ação], principalmente para pessoas que não podem pagar, que é o meu caso”, adianta, referindo que os vários exames a que se tem de submeter acabam por ser um dos fatores que mais pesam na carteira.
Depois de um diagnóstico geral, Maria do Carmo vai fazer um dos exames gratuitos oferecidos pelo rastreio, uma espirometria. Conhecido vulgarmente como “exame do sopro”, este teste serve, nas palavras da técnica de cardiopneumologia Aurora Monteiro, “para medir as capacidades e os volumes pulmonares e, a partir daí, inferir se existe ou não uma patologia respiratória”.
Caso seja detetado algum problema, por exemplo DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica ligada ao tabagismo), ou asma, os utentes são aconselhados a realizarem procedimentos mais específicos em unidades hospitalares.
Carlos Robalo Cordeiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, diz em comunicado acreditar “que este programa vai fazer a diferença e ajudar quem mais precisa”, reforçando que “as doenças respiratórias são já a quarta causa de mortalidade e afetam mais de 10% da população portuguesa”, dados que são muitas vezes “resultado da falta de informação e formação”.
SCML espera fazer rastrear entre “7 a 9 mil pessoas”
Nos próximos meses os rastreios gratuitos vão estender-se a 30 bairros emblemáticos de Lisboa, como a Charneca, Ameixoeira, Alcântara, Rossio, Bairro do Padre Cruz, Anjos, entre vários outros.
“Estamos à espera, nestes primeiros meses, de receber entre 7 a 9 mil pessoas”, desde “jovens a pessoas de mais idade”, prevê Helena Lopes da Costa.
O calendário e o itinerário das unidades móveis de saúde podem ser acompanhados na página Facebook do programa “Saúde Mais Próxima”, AQUI.