Há cinco investigadores portugueses a participar num projeto inédito a nível europeu, que visa a criação de dispositivos artificiais capazes de perceber a linguagem animal. A ideia é criar as bases para administração do ambiente das sociedades animai
Há cinco investigadores portugueses a participar num projeto inédito a nível europeu, que visa a criação de dispositivos artificiais capazes de perceber a linguagem animal. A ideia é criar as bases para administração do ambiente das sociedades animais através da robótica.
Segundo Luís Correia, investigador do Laboratório de Modelação de Agente, da Universidade de Lisboa, os robôs que estão a ser criados irão adaptar-se ao meio animal através de algoritmos evolutivos, por forma a aprenderem a interagir com os animais.
A inovação poderá levar à criação de robôs ou dispositivos que interajam com animais e que funcionam em coletivos, como, por exemplo, rebanhos. A mesma está a ser pensada por seis instituições europeias, sendo coordenada por Thomas Schmickl, da Universidade Austríaca de Graz.
O objetivo passa por saber se estes dispositivos têm alguma influência no comportamento destes animais, na perspetiva de que o seu trabalho possa vir a ter influência em campos agrícolas, bem como ao nível ambiental.
“O pretendido é fazer interagir as populações em ambientes animais e meios diferentes”, esclarece o mesmo investigador do departamento de informática da Universidade de Lisboa. “São exemplo as abelhas no solo, em terrenos tipo colmeias, e os animais na água. A ideia é interagir com eles através de dispositivos artificiais e de meio digital”.
A pesquisa deverá terminar em 2018, mas, caso se demonstre a viabilidade desta abordagem, “poderá ter implicações interessantes e úteis na agricultura – em particular, em pastagens -, no controlo de pestes, bem como noutro tipo de intervenções em que haja interação em animais em coletivos”, conta.
Por outro lado, “uma das tarefas do projeto é, precisamente, fazer com que os dispositivos tenham alguma capacidade de adaptação, ou seja, de mudar por si mesmos o seu comportamento, em função das interações que têm com as populações animais”, acrescenta.
Desde o arranque do projeto, em 2013, os investigadores já fizeram testes com robôs chamados Unidade de Atuação e Perceção (CASUS, na sigla inglesa), que não se movem e que interagiram com abelhas reais comuns produtoras de mel, relativamente novas, que ainda não podem voar.
Foram também feitos ensaios em aquários com peixes zebra usando dispositivos individuais para poder ter a noção das interações e dos comportamentos e medir as reações dos peixes e o comportamento dos dispositivos artificiais. As fases seguintes passam pelo desenvolvimento de protótipos em quantidade.