Um grupo de cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, criou o primeiro peixe-robô da história suficientemente convincente para ser aceite pelos seus pares. A inovação vai permitir estudar de perto o comportamento dos peixes e as suas dinâm
Um grupo de cientistas da Universidade de Leeds, no Reino Unido, criou o primeiro peixe-robô da história suficientemente convincente para ser aceite pelos seus pares. A inovação vai permitir estudar de perto o comportamento dos peixes e as suas dinâmicas de grupo. Através do Robofish, os cientistas esperam encontrar informações importantes sobre a gestão de águas correntes e marinhas, prever a migração dos peixes e avaliar o impacto da intervenção humana nas populações piscícolas, lê-se no site da Universidade de Leeds.
“Antigamente tínhamos que observar do exterior os cardumes e mudar as condições ambientais para perceber de que maneira influenciavam o seu comportamento. Como o Robofish foi aceite pelo cardume, podemos usá-lo para controlar um ou mais indivíduos e estudar situações complexas como a agressividade, a cooperação, e também comportamentos anti-perdador e parentais”, explica o investigador Jolyon Faria, que lidera a experiência.
A réplica, que se controla remotamente por computador, é um peixe da espécie esgana-gata, Gasterosteus aculeatus, feito de gesso e pintado de forma a ter um aspecto idêntico ao dos indivíduos desta espécie.
Depois de comprovarem que a réplica era bem aceite pelos peixes verdadeiros, os cientistas puseram o Robofish num tanque, umas vezes acompanhado de um único peixe, outras vezes com grupo de dez indivíduos.
O Robofish foi programado para seguir uma determinada rota a uma velocidade ligeiramente superior à normal e numa direção ligeiramente diferente, com o objectivo de ver se a sua iniciativa era suficiente para convencer os seus pares a abandonar o refúgio do tanque ou a alterar a direção do seu percurso.
De acordo com os resultados a “coragem e determinação” do Robofish convenceram os conspecíficos colocados individualmente no aquário a abandonarem o refúgio mais rapidamente do que se tal dependesse apenas de si.
No entanto, este efeito perdeu-se quando se testou um grupo, que não necessitou da iniciativa do robofish para abandonar refúgio. No que diz respeito à alteração da direção, verificou-se que o comportamento do peixe-robô levou ambos animais individuais ou em grupo a seguirem-no.
Segundo explicou Jolyon Faria, “os peixes eram mais facilmente influenciados por um membro corajoso quando se encontravam nervosos em novos ambientes. Depois de se habituarem ao aquário já se deslocavam livremente para o explorar em vez de se moverem em conjunto como inicialmente”.
As experiências sugeriram também que, ao contrário do que se pensava, não é a distância absoluta em relação ao animal que toma a iniciativa que determina se o seu comportamento é imitado por outro individuo mas sim distância relativa entre os dois – a tendência para acompanhar o movimento de um indivíduo diminui à medida que aumenta o número de conspecíficos que o separam do que toma a iniciativa.