É também isso que se celebra a 25 de Abril de 1974, em Portugal. O fim de 50 anos de ditadura graças à união de um povo que, com justiça e o máximo de respeito pelas vidas de todos os envolvidos, conseguiu fazer valer a vontade pela liberdade. A propósito da Revolução dos Cravos, que hoje se assinala, Boas Notícias enumera aqui outras grandes revoluções que mudaram o destino de países através de protestos não-violentos.
Gandhi e Luther King
Na Índia, Gandhi lutou contra a hegemonia britânica no território através da grande força da não-violência promovendo manifestações pacíficas e defendendo sempre que “a prática da não-violência requer mais coragem do que a prática das armas”.
Seguidores de Gandhi como Martin Luther King, nos EUA, ficaram na história por defenderem os mesmos ideais de forma não-violenta, apelando à união do povo e à resistência civil para instituir uma nova ordem social e livrarem-se de medidas opressoras.
Primavera e Veludo em Praga
Noutro nível, nações como a ex- Checoslováquia deram o exemplo com a Primavera de Praga, em 1968, e a “Revolução de Veludo”, de 1989, cuja contestação ditou o fim a quatro décadas de comunismo no país com mais de meio milhão de pessoas a manifestar-se de forma pacífica. Vaclav Havel, defensor da resistência pacífica, foi uma das faces desta revolução e acabou por ser aclamado como novo e primeiro presidente da República Checa.
Poder Popular nas Filipinas
Nas Filipinas temos ainda como referência a”Revolução do Poder Popular”, em 1986. Foi nesse ano que um movimento de insurreição popular também de cariz não-violento conseguiu restaurar a democracia no país e por fim à ditadura de duas décadas de Ferdinando Marcos e da sua mulher Imelda.
Revoluções Coloridas na Europa ocidental
Sérvia e Ucrânia fizeram igualmente cair regimes injustos sob as chamadas “Revoluções Coloridas” na Europa Ocidental. As Revoluções Coloridas foram assim chamadas por adotarem uma cor específica ou flores como símbolo de mudança.
Nomeadamente na Sérvia ficou conhecida como a Revolução Bullldozer, em 2000, que depôs o regime repressor de Slobodan Milosevic. Na Ucrânia ficou conhecida como a Revolução Laranja, em 2004, com os protestos sobre a suspeita de fraude durante as eleições. O povo saiu à rua e manifestou-se contra a vitória, anunciada pelo pró-russo Vitor Ianukovich. Foram organizadas manifestações por todo o país, com protestos pacíficos e greves gerais.
Revolução dos Cravos
A força para a mudança conquistada pelos portugueses há exatamente 37 anos tomou a cor dos cravos vermelhos de abril que foram distribuídos pelos militares e postos nos canos das suas armas. Marcou o fim de uma ditadura com mais de 40 anos, durante o qual o estado Novo, com a ajuda da Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), limitou a liberdade de um povo.
A Revolução dos Cravos, apesar das quatro fatalidades registadas, está ainda fresca na memória de muitos como uma das mudanças mais importantes da sociedade portuguesa, que deve ser celebrada e conquistada todos os dias.
A força da paz
De acordo com Gene Sharp, especialista em revoluções não-violentas e autor de livros sobre este mesmo tema o poder sempre esteve no povo. Num dos seus livros “From Dictatorship to Democracy”, sugere 198 armas não-violentas desde o uso de cores como forma de desafio social a boicotes e manifestações. (ver mais aqui)
“Estas armas não violentas são muito importantes porque dão uma alternativa às pessoas”, explicou numa entrevista à BBC. “Se não tiverem isto, se não souberem que são muito poderosas, voltarão sempre à violência e à guerra”, conclui.
Gene Sharp tem sido apontado como um dos grandes mentores das revoluções atuais. Governos como o de Chávez, na Venezuela, ou Ahmadinejad, no Irão, consideraram-no uma ameaça à estabilidade. Na revolução do passado mês de janeiro no Egito, os 198 métodos não-violentos sugeridos por este teórico foram distribuídos pela multidão que se manifestava.
O Boas Notícias recupera aqui o vox pop, realizado o ano passado, onde perguntámos aos portugueses o que é para eles a Liberdade.