O Bispo de Roma, e como tal, líder mundial da Igreja Católica, que evocou o nascimento singelo de Jesus como uma “fonte de esperança” para os dias de hoje, comparou a história da viagem de José e Maria, forçados a deixarem a sua terra de Nazaré em direção a Belém “mas cheios de esperança no futuro pelo filho que estava prestes a chegar”, com a história de milhares de pessoas que saem dos seus países de origem em busca de uma vida melhor.
Numa época em que a humanidade assiste a uma gravíssima crise migratória, expressa, por exemplo, na chegada à Europa nos últimos anos de milhões de pessoas que fogem de conflitos, terrorismo ou perseguições nas suas terras natais, as palavras prementes do Papa Francisco demandam um compromisso e resposta solidária mundial aos grandes movimentos hodiernos de migrantes.
Contrariamente a outros importantes protagonistas do palco mundial, que têm assumido atitudes e posições titubeantes relativamente ao fluxo migratório, o Papa Francisco, ele próprio filho de emigrantes italianos na Argentina, tem desde o início do seu pontificado difundido uma mensagem de responsabilidade e preocupação com os migrantes.
A escolha há quatro anos de Lampedusa para a primeira viagem apostólica do seu pontificado e a primeira de sempre de um Sumo Pontífice à ilha italiana do Mediterrâneo, ponto de passagem para milhares de imigrantes que tentam chegar à Europa, é reveladora do profundo respeito que o Papa Francisco tem pelos milhares de pessoas e famílias que procuram fora dos seus países de origem um futuro melhor.
Ainda no decurso do ano que agora finda, o Papa lançou a campanha “Partilhar a Viagem”. Uma iniciativa a favor dos migrantes para ajudar a debelar o crescimento do sentimento anti-imigrante na Europa e nos Estados Unidos da América, que o líder religioso fundamentou com a defesa do princípio basilar que os migrantes são “impulsionados pela virtude cristã da esperança para encontrar uma vida melhor”.