Para realizarem o estudo os cientistas colocaram dois ratos que nunca tinham interagido numa caixa de plástico por duas semanas, para que criassem alguns laços familiares. Depois fecharam um deles numa pequena caixa transparente, dentro da caixa maior. O que se seguiu foi algo inesperado.
Através de um sensor, os investigadores conseguiram detetar que o rato preso emitia gritos mostrando estar angustiado. Por sua vez, ao ouvir os apelos de ajuda, o rato livre conseguia abrir a porta que libertava o companheiro, sem nunca ter aprendido a fazê-lo.
O teste foi repetido com vários pares e cerca de três quartos dos animais precederam da mesma forma. “Isto revela que ratos com companheiros presos são motivados a aprender formas de os libertar”, escreve o estudo publicado na revista Science. Para comprovarem esta conclusão, os investigadores fizeram outros testes que deixaram de lado as ideias de que os ratos ajudavam os companheiros por simples curiosidade ou para interagirem com eles.
Ou seja, os ratos sentem, de facto, empatia uns pelos outros e ficam angustiados quando vêem um semelhante em perigo. Mais impressionante ainda é que, quando confrontados com duas caixas, uma com o companheiro preso e outra com guloseimas, os ratos continuavam a preferir soltar o amigo.
“Comportamentos semelhantes foram observados em macacos e chimpanzés, mas ao contrário desses animais, os ratos podem ser usados em laboratório para estudar que estruturas do cérebro se relacionam com a empatia e com o comportamento de ajuda, assim como para perceber que empatia se adquire de forma inata e qual se desenvolve com a criação”, lê-se na Science.
“Este estudo é completamente inovador”, disse um etnologista da Waal of Emory University de Atlanta. “Mostra pela primeira vez que os roedores não são apenas afetados pelas emoções dos outros, mas que a empatia motiva o altruismo”.