O equipamento vai chegar ainda este ano a Portugal, fazendo do nosso país um polo quase único na Europa e no Mundo no que respeita ao tratamento por radioterapia. A novidade deste sistema está na rapidez com que o tumor é erradicado, já que com uma única sessão de radioterapia é possível eliminá-lo por completo.
A radioterapia de dose única foi estudada na Universidade de Pisa, em Itália, e os resultados forem muito positivos, explicou à Lusa o oncologista Carlo Greco, da Fundação Champalimaud. “Os resultados foram surpreendentes. Tem é de ser administrada uma dose suficientemente forte para erradicar o tumor. E já provámos que funciona em qualquer tipo de cancro, mesmo num dos mais resistentes à quimio ou radioterapia, como o do rim”.
Segundo resultados desses testes a taxa de sucesso neste tipo de cancro ficou-se mesmo pelos 80%. “É uma revolução”, disse o profissional de saúde, que adiantou outras vantagens para o doente. É que além da probabilidade de ficar curado, esta radioterapia é indolor, elimina a toxicidade e pode ser feita de “olhos fechados”, demorando menos tempo que as sessões convencionais de radioterapia.
Significa assim que numa sessão de dez minutos se consegue o mesmo objetivo que numa cirurgia, deixando o doente voltar para casa de seguida e sem risco de morte, escreve a Lusa. Uma única sessão pode tratar várias lesões, sendo por isso um tratamento adequado aos doentes com metástases. É por isso que Carlo Greco vê esta tecnologia como “mais do que uma esperança, uma realidade – sem dor e sem invasão”.
Medicina personalizada a cada doente
É uma radioterapia por imagem guiada, em que se faz uma TAC e o tratamento em simultâneo. Dado o elevado nível de precisão que requer tem de ser feito por uma equipa estruturada, recorrendo a investigação molecular, para que se estude casa caso e a dose certa a dar a cada tipo de cancro.
“Isto significa uma medicina personalizada. Selecionamos a dose conforme a histologia e a genética de cada pessoa. Só pode ser executado por uma equipa multidisciplinar”, explicou o oncologista.
“É o mais avançado equipamento no mundo. Será absolutamente único em Portugal e, na Europa, há muito poucos. Mas a máquina que chegará em dezembro vai ser equipada com ferramentas especiais que a tornam única no mundo”, afirma o diretor da área do cancro da Fundação Champalimaud. Por isso, a Fundação está preparada para receber doentes de todo o mundo.
Os hospitais portugueses interessados nesta tecnologia devem negociar com a fundação. Por agora, o centro só recebe doentes particulares.
Sem referir o custo do equipamento, Carlo Greco garantiu que é mais barato que do que a radioterapia convencional. “O custo para o sistema de saúde é muito mais baixo. A máquina vive por 10 anos e trata quatro vezes mais doentes”.
A técnica vai estar disponível para tratamento no final do primeiro trimestre de 2012.
[Notícia sugerida por Augusto Martins, Elsa Martins e Patrícia Guedes]