Medir a tensão arterial, monitorizar o peso ou os níveis de oxigénio no sangue. Estes são apenas três dos sinais vitais possíveis de monitorizar autonomamente através do “quiosque da saúde”. O projeto Health Kiosk, desenvolvido por Rui Prior, Miguel Coimbra e Pedro Brandão – investigadores do Instituto de Telecomunicações (IT), pólo do Porto, assume-se como um sistema modular que interliga diferentes dispositivos médicos, permitindo aos utilizadores a recolha autónoma e monitorização de dados e sinais vitais. Esta tecnologia, ligada em rede, permite a criação de base de dados com o histórico do utilizador, servindo para posterior análise dos profissionais de saúde. Pela especificidade do sistema modular, este engenho poderá ser utilizado mesmo em locais remotos, potencializando, desta forma, a telemedicina.
O software integra modelos de explicação e acompanhamento virtual (vídeos, áudios e textos de indicação) para que o dispositivo seja acessível a toda a população. Neste sentido, e de acordo com os investigadores, esta preocupação de usabilidade e autonomia é um dos fatores, a par da modularidade do sistema, que distingue o Health Kiosk dos demais existentes no mercado. A possibilidade de adaptar os módulos do sistema a cada objetivo é outra vantagem significativa. A este nível, refira-se que é possível integrar um dispositivo de monitorização dos níveis glicémicos, ao invés de colocar um dispositivo de medição dos índices de oximetria. Este tipo de alteração pode ser realizada por um profissional de saúde sem quaisquer conhecimentos de programação, usando uma interface gráfica concebida para o efeito. O programa está ainda em fase de testes, tendo sido já experimentado na Câmara Municipal de Paredes, na Unidade Local de Saúde de Matosinhos e conta com a colaboração da Faculdade de Psicologia e Escola de Enfermagem do Porto.
Health Kiosk distinguido como melhor artigo de tecnologia médica
O software recebeu o galardão de melhor artigo de tecnologia médica no “3rd International Special Session on Smart Medical Devices” – promovido durante o HealthInf2017, conferência internacional de informática médica, que decorreu no Porto. Os investigadores afirmam que esta distinção é o resultado da qualidade e relevância do trabalho e que o dispositivo poderá permitir exames em larga escala na população, com custos associados muito baixos. Levar os cuidados de saúde básicos a locais remotos é o mote de trabalho destes investigadores que referem que, “no futuro, este software estará para os cuidados de saúde como o multibanco está, atualmente, para os bancos”.