Nos EUA, quatro indivíduos paraplégicos conseguiram movimentar, voluntariamente, músculos que estavam paralisados, graças a uma terapia inovadora que passa pela estimulação elétrica da coluna vertebral.
Nos EUA, quatro indivíduos paraplégicos conseguiram movimentar, voluntariamente, músculos que estavam paralisados, graças a uma terapia inovadora que passa pela estimulação elétrica da coluna vertebral.
Na investigação, cofinanciada pelo National Institutes of Health (NIH) e pela Christopher & Dana Reeve Foundation, os quatro participantes, todos eles paralisados há mais de dois anos, conseguiram mexer voluntariamente os dedos dos pés, os tornozelos e os joelhos, sempre que o estimulador elétrico esteve ligado.
Em comunicado de imprensa, os investigadores envolvidos na pesquisa afirmam que esta terapia (inicialmente testada num só paciente, em 2009 e 2010) tem potencial para alterar o prognóstico de pacientes que estejam paralisados há vários anos.
“Quando o primeiro paciente reagiu à terapia estávamos cautelosos mas quando verificámos que os quatro participantes tinham respondido com sucesso, percebemos que este tratamento pode funcionar com pacientes que têm pouca esperança de recuperação”, afirma no mesmo documento Roderic Pettigrew, diretor de um departamento do NIH.
O estudo surge na sequência dos testes pilotos realizados em 2009 e 2010 com um jovem jogador de basebol, Rob Summers, que ficou paralítico após um acidente de carro. Summers recebeu um implante com 16 elétrodos que foram colocados sobre a sua coluna vertebral, tal como noticiou, na altura, o Boas Noticias.
Além da estimulação elétrica, o paciente recebeu terapia intensiva diária, que consistia em suspender o jovem sobre uma passadeira elétrica obrigando-o a mover as pernas. Aos poucos, Summers passou a conseguir suportar o peso do seu corpo sem ajuda, e recuperou alguns dos movimentos das pernas.
Estímulo recupera ligação cérebro-coluna
Os investigadores ficaram espantados com este resultado uma vez que o controlo voluntário de movimentos implica que a informação viaje do cérebro até à coluna vertebral, uma comunicação ‘interrompida’ neste tipo de lesões.
Além destes progressos, também outras funções que tinham sido comprometidas – como o controlo dos órgãos sexuais e da bexiga – registaram melhorias.
Nesta segunda etapa do mesmo estudo, Claudia Angeli, professora assistente da Universidade de Louisville (Kentucky), submeteu, com sucesso, mais três pacientes à mesma terapia. Passado apenas alguns dias da estimulação elétrica, os três pacientes mostraram-se capazes de movimentar músculos que estavam paralisados, dando ordens aos elétrodos através da voz.
No comunicado de imprensa, a investigadora afirma que, aparentemente, a estimulação elétrica “consegue recuperar ou aproveitar parte da ligação que leva informação do cérebro até à coluna”.
“Este estudo prova que os resultados da investigação (ao jovem Summers) publicada há três anos no The Lancet não são isolados”, defende Susan Howley, vice-presidente da Christopher & Dana Reeve Foundation.
Apesar destes progressos, nenhum dos quatro pacientes conseguiu, até agora, dominar o suficiente os seus membros ao ponto de caminhar de forma autónoma. Agora, a equipa está a desenvolver um novo cordão com 27 elétrodos e de potência mais forte que vai testar em breve noutros pacientes, a fim de tentar que estes controlem melhor a intensidade e a coordenação dos movimentos.