As incompatibilidades de grupo sanguíneo ou de sistema HLA (antigénios de leucócitos humanos) são as principais limitações à dádiva em vida verificadas em alguns pares dador-recetor.
“A doação renal cruzada constitui uma alternativa que permite ultrapassar esta limitação”, sublinha secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro.
Maria João Aguiar, coordenadora do serviço de sangue e transplantação, explicou à Radio Renascença a essência deste programa: “Se leva um amigo ou familiar à unidade de transplante, este potencial dador é estudado e chega-se à conclusão que o dador não pode ser utilizado porque não é compatível. São estas pessoas que vão ser emparelhadas novamente de maneira a que este dador, por exemplo de Lisboa, possa ser cruzado com um par que exista no Porto e a doação se possa fazer”.
Calcula-se que exista à volta de uma dezena de pares de doadores/recetores de rins nesta situação. O cruzamento dos dados será feito periodicamente por especialistas. Quanto mais forem os pares incompatíveis inscritos maior a possibilidade de ajudar doentes renais e dar uso à generosidade dos dadores vivos.
Ainda de acordo com a portaria e com a circular normativa ontem publicadas, só podem entrar no Programa Nacional de Dádiva Renal Cruzada os hospitais que tenham uma experiência de dois anos na transplantação de rim com dador vivo, neste caso, os Hospitais de São João, Santo António, Hospitais da Universidade de Coimbra, Santa Maria, Curry Cabral e Santa Cruz.
O transplante renal é um tratamento eficaz para a insuficiência renal crónica terminal. Em três anos, a lista para transplante renal caiu, mas já há mais de 2.100 pessoas inscritas.