As bactérias "boas" que vivem no estômago humano (conhecidas como probióticos) poderão dar origem a uma nova terapia para aliviar os sintomas de alguns espectros do autismo.
As bactérias ‘boas’ que vivem no estômago humano (conhecidas como probióticos) poderão dar origem a uma nova terapia para aliviar os sintomas de alguns espectros do autismo. Os testes em ratinhos indicaram que estes microrganismos podem mesmo reduzir os sintomas desta disfunção.
Muitos dos indivíduos que sofrem de autismo (disfunção que se manifesta por problemas de comunicação, comportamentos repetitivos e problemas de interação social) revelam, também, problemas intestinais.
Depois de estudar a ocorrência destes problemas do intestino neste tipo de doentes, um grupo de investigadores do California Institute Technology (Caltech) decidiu estudar a hipótese de criar uma terapia para o autismo recorrendo a probióticos.
Já se sabia que este tipo de bactérias benéficas podem influenciar o comportamento do ser humano a nível social e emocional, mas esta é a primeira vez que uma investigação utiliza os probióticos para atenuar sintomas do autismo. A investigação, realizada em ratinhos, foi publicada este mês no jornal científico Cell.
Para estudar esta relação entre as bactérias do estômago e a saúde cerebral, a equipa tratou, com o probiótico Bacteroides fragilis, um grupo de ratinhos com autismo que também registavam problemas gastrointestinais.
Ratinhos melhoraram comportamento
Na análise dos resultados, os investigadores verificaram que estes ratinhos, além de terem ultrapassado os seus problemas intestinais, também melhoraram as suas competências sociais: passaram a comunicar mais com os outros ratos, tinham menos ansiedade e praticavam menos comportamentos repetitivos.
“O tratamento com a bactéria B. fragilis alivia, nos ratinhos, os problemas de estômago e também melhora os sintomas comportamentais”, explica em comunicado Elaine Hsiao, a principal investigadora do estudo. “Isto indica que os probióticos poderão ser usados não só para curar problemas intestinais mas também para ajudar a atenuar deficiências neurológicas”, acrescenta.
Depois do sucesso registado nos testes em animais, a equipa espera agora angariar voluntaries para avançar com os testes em humanos, no máximo dentro de dois anos.