Carlos Saleiro, atual jogador do Sporting, foi o primeiro bebé-proveta que nasceu em Portugal, faz esta quinta 25 anos. O facto de ter sido concebido através de uma técnica de Procriação Medicamente Assistida (Fertilização In Vitro – FIV) deu-lhe honras de primeiras páginas da imprensa portuguesa.
O nascimento de Carlos mudou a forma como a sociedade via a infertilidade e foi vivido pelo médico responsável como uma felicidade que sentiu quando foi pai e avô, conforme confessou à agência Lusa.
A “festa” foi vivida há precisamente 25 anos, a 25 de fevereiro de 1986, na Unidade de FIV do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e no Laboratório de Biologia Molecular do Instituto Gulbenkian de Ciência, onde é responsável pela parte laboratorial.
Em declarações à agência Lusa, António Pereira Coelho destaca o peso deste pioneirismo que demonstrou “resultados credíveis” numa técnica que gerava, então, fortes paixões, mas também algumas reservas, tal como em todas as matérias envolvendo a bioética.
Contavam-se, então, mais de 200 bebés nascidos em todo o mundo graças à FIV, desde o nascimento da pioneira, a britânica Louise Brown, que nasceu em 1978 graças à aplicação da técnica por Robert Edwards (Prémio Nobel da Medicina em 2010) e Patrick Steptoe, já falecido.
Afinal, Portugal revelava que estava ao nível de outros países europeus no que diz respeito ao desenvolvimento científico na área da medicina da reprodução.
“Era fundamental que as pessoas acreditassem que tínhamos aprendido os passos da tecnologia e a capacidade de aplicá-la”, conta o obstetra, que já ajudou a nascer mais de mil crianças que, devido à infertilidade dos pais, dificilmente viriam ao mundo.
À distância de 25 anos, a FIV continua a ser aplicada de uma forma muito semelhante. Mudaram alguns procedimentos e a terapêutica evoluiu, mas “a maneira como se estimulam os casais para a obtenção de ovócitos e são feitas as transferências [de embriões] passa-se mais ou menos da mesma forma”, disse António Pereira Coelho.
O especialista, para quem as técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA) são hoje rotineiras, não esconde que o dia 25 de fevereiro é sempre especial.
A felicidade com que viveu este nascimento só foi ultrapassada com a alegria do nascimento dos seus filhos e netos.”Foi um momento de grande felicidade e de realização profissional e pessoal”, concluiu.
[Notícia sugerida pela utilizadora Raquel Baêta]