O presidente do Uruguai, José Mujica, surpreendeu, recentemente, um operário fabril que pedia boleia na berma de uma estrada em Conchillas. Sem pensar duas vezes, o chefe de Estado uruguaio parou e ofereceu-se para o transportar no seu carro.
O presidente do Uruguai, José Mujica, surpreendeu, recentemente, um operário fabril que pedia boleia na berma de uma estrada em Conchillas, uma pequena localidade do sudoeste do país, e que não tinha como regressar a casa. Sem pensar duas vezes, o chefe de Estado uruguaio parou e ofereceu-se para o transportar no seu próprio carro.
O episódio aconteceu no início deste mês, quando Gerhald Acosta, funcionário de uma fábrica de automóveis, não pôde entrar no local de trabalho depois de se ter apercebido de que o seu cartão de identificação tinha expirado e necessitava de renovação, conforme exige o protocolo.
Obrigado a voltar a casa e numa manhã em que o sol estava demasiado forte para fazer a pé o caminho de regresso, decidiu esperar pela solidariedade de um condutor e pedir boleia, contou Acosta em entrevista ao jornal uruguaio El Observador.
“Caminhei um pouco e, durante esse tempo, passaram uns 25 ou 30 automóveis e nenhum parou, algo que não entendo”, recordou o homem. Poucos minutos depois, porém, uma carrinha com matrícula oficial e um carro que seguia logo atrás encostaram à berma e o condutor do automóvel perguntou ao uruguaio para onde ia.
Foi só aí que Acosta reparou que se tratava de José Mujica, o presidente do país. “Contei-lhe o que tinha acontecido e ele disse que me levava”, disse Acosta, que, ao entrar no carro, se deparou com duas outras 'passageiras' ilustres: Lucía Topolansky, senadora e esposa do chefe de Estado, e a sua cadela Manuela.
“Não consegui acreditar que o presidente estava a dar-me boleia. A viagem foi curta, mas eles foram muito amáveis. Quando saí do carro, agradeci-lhes muitíssimo porque não é qualquer pessoa que pára para ajudar na estrada e muito menos um presidente”, contou ainda o trabalhador.
Embora tenha perdido um dia de trabalho, Acosta, que partilhou a história – acompanhada de fotografias – na sua página na rede social Facebook, assegurou que tudo “valeu a pena pela experiência”.
Um presidente que vive como um cidadão comum
“Pepe” Mujica, como é conhecido entre os uruguaios, é célebre no país e um pouco por todo o globo por viver como um cidadão comum, havendo mesmo quem lhe chame “o presidente mais pobre do mundo” – um título com o qual não concorda, porque, como disse numa entrevista à BBC em 2012, os pobres são os que “querem sempre mais”.
À data, o dirigente, que continua a residir na quinta da família, onde sempre viveu e onde se dedica ao cultivo de flores, disse doar, mensalmente, 90% do salário para obras de caridade, o que aproxima o seu ordenado da média do Uruguai: cerca de 605 euros por mês.