Uma equipa de cientistas portugueses vai mapear a Antártida em 3D. O Grupo Polar da Universidade de Lisboa tem por objetivo estudar os efeitos das alterações climáticas naquela região. O projeto vai avançar devido ao financiamento de cerca de 300 pes
Uma equipa de cientistas portugueses vai mapear a Antártida em 3D para estudar os efeitos das alterações climáticas daquela região. O projeto conseguiu avançar graças ao financiamento de cerca de 300 pessoas que, através de 'crowdfunding', juntaram, em menos de dois meses, os 20 mil euros necessários.
Os cientistas do Grupo Polar da Universidade de Lisboa, que já fazem investigação na Antártida há cerca de 14 anos, estão integrados num amplo programa internacional de monitorização do impacto que as alterações climáticas estão a ter naquela região.
Na sua página de 'crowdfunding', a equipa explica que o projeto 3D Antártida vai ajudar a perceber de que forma é que o aumento da temperatura se está a fazer sentir ao nível dos ecossistemas terrestres e também ao nível dos solos congelados.
Para isso, o grupo de investigadores precisava de adquirir um um pequeno avião telecomandado não tripulado (UAV), também conhecido por drone, que consegue fazer fotografias aéreas de alta resolução com topografia dos terrenos livres de gelo.
300 pessoas ajudaram a financiar projeto
A partir daí é possível cartografar, fazer mapas da vegetação, das áreas de neve, das áreas de solo sem neve e de ano para ano conseguir perceber o que se está a passar ao nível das mudanças da paisagem.
Com a falta de apoios por parte do governo, os cientistas decidiram então criar um projeto de 'crowdfunding' que foi lançado a 23 de Dezembro de 2013. O objetivo era angariar 20 mil euros necessários para a compra do drone. Em menos de dois meses, cerca de 300 pessoas contribuíram e a equipa conseguiu o financiamento que precisava.
Dados serão partilhados com a comunidade
Ao Boas Notícias, Gonçalo Vieira, um dos membros da equipa, explicou que “numa primeira fase, os dados serão usados no quadro da investigação do grupo”. Contudo, numa segunda fase, e no quadro de uma colaboração com o programa Ciência Viva, “as imagens serão disponibilizadas, online, à comunidade escolar”.
Dependendo da evolução do projeto, numa terceira fase mais avançada, dentro de um ou dois anos, “os dados deverão ser abertos a toda a comunidade”.
Uma campanha em 2014 e outra em 2015
O 3D Antártica vai avançar e a implementação vai decorrer em dois momentos: um de Fevereiro a Março de 2014, no terreno na Península Barton (King George Island) para realizar testes preliminares, e outro de Janeiro a Fevereiro de 2015 que passa por fazer levantamento das ilhas Livingston, Deception e King George.
Os cientistas portugueses pretendem ainda utilizar o drone em levantamentos de pormenor na serra da Estrela, no Verão de 2014, e no Ártico canadiano, no quadro de um projeto a decorrer em Julho de 2014.
O Grupo Polar da Universidade de Lisboa conta com o apoio da Agência Ciência Viva e do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território.
A investigação na Antártida pode ser acompanhada no blogue do Grupo Polar da Universidade de Lisboa.