Os emigrantes portugueses são os protagonistas de uma exposição patente no Consulado de Portugal em Paris, capital francesa. O objetivo da mostra "Rostos - Do Visível ao Invisível" é desmistificar os preconceitos associados à comunidade lusa.
Os emigrantes portugueses são os protagonistas de uma exposição patente no Consulado de Portugal em Paris, capital francesa. O objetivo da mostra “Rostos – Do Visível ao Invisível”, coassinada pelo fotógrafo e jornalista português Ricardo Figueira, é fazer um retrato que desmistifique os preconceitos associados à comunidade lusa.
“A exposição tem 25 retratos, acompanhados pelos depoimentos dessas pessoas. Os depoimentos têm a ver com a perceção que cada um tem do que é ser português em França, com o seu posicionamento face aos clichés que existem e face à sociedade francesa em geral”, explica, em declarações à Lusa, Ricardo Figueira, que reside em Lyon há 15 anos.
Segundo o português, este projeto, realizado em conjunto com a investigadora luso-francesa Elisabete Machado, é o resultado da vontade de mostrar que nem todos os portugueses são trolhas e que nem todas as portuguesas são porteiras.
“Muita gente em França tem a ideia que o português está limitado a duas ou três profissões, como a mulher-a-dias, a porteira e o homem das obras, e que somos todos morenos, baixinhos e com bigode”, admitiu o fotográfo.
“Eu não quero lutar contra os clichés nem afirmá-los. Quero é dizer: há pessoas de todos os tipos físicos, de todas as idades, de ambos os sexos, a fazerem todas as profissões, espalhadas por toda a França”, frisou Ricardo Figueira, que optou pela fotografia a preto e branco, de forma a enobrecer os rostos, e, na maior parte dos casos, retirou aos retratados qualquer atributo de distinção profissional.
Segundo o autor, os retratos “são todos a preto e branco porque o preto e branco é intemporal”. “Tentei fazer imagens diferentes dos retratos tipo passe que estão na moda na fotografia contemporânea. Quis fazer retratos que fossem, ao mesmo tempo, clássicos mas com alguns elementos que marcam a diferença, como os reflexos e o jogo de olhares”, explicou.
Exposição vai ser transformada em livro até ao fim do ano
Questionado sobre as diferenças nos depoimentos dos emigrantes que protagonizam a exposição, o fotógrafo afirmou que “os mais recentes vieram [para França] por necessidade ou para estudar e veem a emigração de uma forma completamente diferente das pessoas que vieram há 50 anos”.
Embora não pretenda ser um trabalho sociológico, a exposição “Rostos” acaba por documentar um ciclo – o ciclo da emigração portuguesa para França. Nos anos 1960, foram milhares os que fugiram de Portugal “a salto” e, atualmente, são milhares os que também saem do País.
“As razões para emigrar são várias, mas há sempre uma conjuntura económica que faz com que as pessoas queiram mudar de país. Aconteceu há 40 anos e está a acontecer agora”, finalizou Ricardo Figueira.
No Consulado de Paris estão apenas expostas 25 fotografias, mas o projecto contempla 40 retratos de pessoas que emigraram há meio século, outras que já nasceram em França e outras, ainda, que acabaram de emigrar.
A exposição “Rostos – Do Visível ao Invisível” está patente até 20 de Junho no Consulado de Portugal em França, em Paris, depois de ter passado por Saint-Etienne e Vila Nova de Gaia, estando também prevista para Montpellier, em Junho. Os autores prometem transformar a exposição em livro até ao final do ano.
Clique AQUI para aceder à página oficial da fotografia de Ricardo Figueira no Facebook.