"Memórias da vergonha que moldam quem somos?" é o nome do estudo desenvolvido pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC). Explicar como momentos de vergonha, vividos na infância e adolescência, podem influ
“Memórias da vergonha que moldam quem somos” é o nome do estudo desenvolvido por uma equipa da Universidade de Coimbra (UC) que explica como momentos de vergonha, vividos na infância e adolescência, podem influenciar a saúde mental dos indivíduos.
Conduzida ao longo dos últimos cinco anos, esta pesquisa da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da UC é a primeira, a nível internacional, que analisa os fenómenos desencadeados por experiências e memórias de vergonha.
Segundo um comunicado enviado ao Boas Notícias, em alguns indivíduos, as experiências de vergonha, na infância e adolescência, funcionam como memórias traumáticas, que influenciam a construção da identidade.
Em adultos, estes indivíduos estão mais propensos a desenvolverem psicopatologias, como depressão, ansiedade e stress.
No total, foram realizadas 3.000 entrevistas, junto da população geral e de 120 pacientes com diagnósticos diversos, desde depressão a perturbações do comportamento alimentar e da personalidade.
Nas conclusões, os investigadores alertam para a necessidade de intervenção clínica nestes casos já que “a vergonha é uma emoção transdiagnóstica e se não for detetada e tratada atempadamente pode, não só funcionar como um obstáculo à terapia, mas também estar associada a vários sintomas de psicopatologia e levar à autodestruição.”
Apesar de ser fundamental para regular as relações sociais entre indivíduos e criar identidade, a vergonha ainda é uma emoção “menosprezada”. Apostar na adoção de medidas de prevenção na infância, junto dos agentes educativos, é uma das soluções apontadas pelo estudo.
A pesquisa foi levada a cabo por investigadores da Universidade de Coimbra e financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).