Uma equipa de investigadores portugueses descobriu que a bactéria capaz de proteger os insetos de várias doenças pode ser também utilizada no controlo de doenças transmitidas pelos mosquitos como é, por exemplo, o caso da dengue e da malária.
Uma equipa de investigadores portugueses descobriu que uma bactéria capaz de proteger os insetos de várias doenças pode ser também utilizada no controlo de doenças transmitidas pelos mosquitos como é, por exemplo, o caso da dengue e da malária.
O estudo foi levado a cabo por especialistas do Instituto Gulbenkian de Ciência, que analisaram a interação dessa mesma bactéria com o seu hospedeiro natural (insetos), chegando à conclusão de que a mesma pode variar geneticamente, protegendo-o em maior ou menor grau.
Os resultados revelam que aquelas que mais protegem são também aquelas que mais rapidamente 'matam' o hospedeiro, o que, segundo Luís Teixeira, investigador principal daquela entidade, pode ajudar a escolher a melhor bactéria para combater doenças como a dengue e a malária, entre outras transmitidas pelo mosquito.
De acordo com o especialista, o processo gira todo em torno da bactéria 'Wolbachia', que reside, naturalmente, em 70% dos insetos. Há cinco anos, a equipa de Luís Teixeira tinha já dado conta de que a mesma protegia os hospedeiros de infeções virais e que, protegendo, por exemplo, um mosquito de vírus como o da dengue, esse indivíduo vai ter menos probabilidade de infetar um ser humano quando o picar.
Desde então que têm sido feitos estudos, sendo que, até agora, foram identificadas cinco estirpes de 'Wolbachia'. As conclusões dão conta de que há variantes da bactéria que protegem melhor os insetos de infeções virais mas que as mesmas, ao mesmo tempo, provocavam uma morte mais precoce. Pelo contrário, as variantes menos protetoras são as que permitem uma esperança de vida superior.
“Estes resultados ajudam a compreender a evolução da 'Wolbachia' na natureza e abrem caminho para a identificação das melhores estirpes a serem utilizadas no biocontrolo de doenças transmitidas por mosquitos”, lê-se no comunicado do Instituto Gulbenkian de Ciência, citado pela Lusa.
O próximo passo está já a ser estudado e visa descobrir uma forma de introduzir os mosquitos infetados com 'Wolbachia' na natureza, uma vez que a mesma “tem a particularidade de manipular o organismo que infeta, pelo que pode espalhar-se por toda a população”.
Depois de acompanhar a sua evolução, o objetivo passa por conseguir disseminar a “bactéria ótima” entre os mosquitos, por forma a combater a dengue e outras doenças infecciosas.
Notícia sugerida por Raquel Baêta e António Resende