Ana Isabel Teixeira, professora e investigadora do Instituto Karolisnka, na Suécia, juntamente com a sua equipa de investigação, participou no processo da primeira implantação de uma traqueia artificial, num paciente que sofria de cancro naquele órgão. Esta intervenção cirúrgica inédita foi divulgada na revista “The Lancet”.
Em Junho deste ano realizou-se a primeira implantação de uma traqueia artificial, uma intervenção cirúrgica inédita, no Hospital Karolisnka, em Estocolmo, na Suécia.
O paciente, com 36 anos, sofria de cancro da traqueia, tendo sido submetido, anteriormente à implantação, a uma cirurgia para remoção do tumor e a tratamentos de radioterapia.
Ana Isabel Teixeira e a sua equipa de investigação participaram na análise do estado molecular das células, mononucleares e estaminais, na circulação sanguínea do paciente após a intervenção.
No artigo da revista da especialidade “The Lancet”, Ana Isabel Teixeira e a sua equipa descrevem o processo de investigação para chegar à traqueia artificial, a intervenção cirúrgica e o seu sucesso.
O artigo refere ainda que “este cancro é inoperável, apresentando uma taxa de sobrevivência cinco anos após o diagnóstico de apenas cinco por cento”.
Processo de implantação da traqueia artificial
A traqueia artificial foi elaborada através de uma “tomografia computarizada da traqueia do paciente”, sendo posteriormente reconstituída por polímero – um composto químico de elevada massa molecular.
Seguidamente, a traqueia artifical foi tratada com células retiradas da medula espinhal do doente “durante as 36 horas que precederam a cirurgia”, refere o artigo.
Após a intervenção cirúrgica, o paciente recebeu um tratamento de hormonas adequado ao seu diagnóstico, com o objetivo de “continuar a colonização da traqueia artificial com células estaminais”.
Segundo a “The Lancet”, seis meses após a intervenção cirúrgica, o homem que recebeu o implante da traqueia artificial, “apresenta uma boa qualidade de vida, sem recorrência do tumor”.
A traqueia artificial contribuiu para o crescimento de novas células e “apresenta um revestimento com células epiteliais, as quais servem de escudo ao surgimento de agentes invasores”.
O sucesso da operação assenta fundamentalmente nas “duas semanas que se seguiram à cirurgia, uma vez que se registou um aumento de células estaminais na circulação sanguínea e um aumento da expressão de genes anti-apoptose nestas células”.
[Notícia sugerida por Vítor Fernandes]