Foi aprovada uma nova missão espacial que terá participação portuguesa. A missão vai integrar cientistas do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) e do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL).
Foi aprovada esta quarta-feira pelo Comité do Programa Científico da ESA, Agência Espacial Europeia, uma nova missão espacial que terá participação portuguesa. A missão espacial PLATO, com lançamento previsto para 2024, vai integrar cientistas do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) e do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL).
A notícia da aprovação é avançada pelo CAUP que, em comunicado, explica que a missão em causa tem como objetivo descobrir o quão comum é a formação de planetas como a Terra fora do nosso Sistema Solar, utilizando, posteriormente, esses dados para apurar se os mesmos possuem as condições necessárias para o aparecimento de vida.
Além disso, acrescenta o CAUP, os cientistas vão, através do telescópio PLATO, que deu o nome à missão, medir oscilações nas estrelas-mãe destes exoplanetas com recurso a uma técnica, a asterossismologia, que consiste no estudo do interior das estrelas por intermédio da sua atividade sísmica medida à superfície.
“A missão PLATO é um dos marcos importantes do programa científico da ESA”, esclarece Mário João Monteiro, delegado português no Comité do Programa Científico (SPC) da ESA, acrescentando que, por meio das suas missões M e L, esta entidade “tem contribuído de forma ímpar para o desenvolvimento nas ciências do espaço”.
Segundo o responsável, este “é mais um exemplo da capacidade industrial e científica europeia, que conta com a participação científica e industrial de Portugal”.
Missão vai catalogar planetas potencialmente habitáveis
O telescópio PLATO é um tipo de telescópio inovador, constituído por 34 telescópios individuais, de 12 centímetros cada, em vez de um telescópio de espelho único. É possível utilizar cada um individualmente, em conjunto com outros ou todos em simultâneo, o que dá ao equipamento uma capacidade “sem precedentes de observar simultaneamente objetos brilhantes e ténues”.
De acordo com o CAUP, o PLATO vai observar e caraterizar, no decurso de vários anos consecutivos e com grande precisão, um amplo número de estrelas relativamente próximas e procurar super-terras e planetas do tipo terrestre que orbitem na zona de habitabilidade de estrelas do tipo solar.
Será, assim, possível obter dados acerca destes planetas, além de tentar perceber a arquitetura dos sistemas planetários onde estes se encontram. A partir das curvas de luz detetadas pelo PLATO os cientistas vão também determinar as frequências de oscilação de mais de 80.000 estrelas para apurar os seus raios, massas e idades.
Entre os objetivos da missão está ainda a construção do primeiro catálogo com caraterísticas de exoplanetas confirmados, como raio, densidade, composição, atmosfera e estágio de evolução.
O catálogo de planetas potencialmente habitáveis servirá de base para futuros estudos levados a cabo pela próxima geração de instrumentos (como o ESPRESSO) ou de grandes telescópios, como o European Extremely Large Telescope (E-ELT) do ESO, ou o Telescópio Espacial James Webb (NASA/ESA).
De realçar que o Comité do Programa Científico da ESA aprovou também esta quarta-feira a missão CHEOPS, envolvendo um satélite de caracterização de exoplanetas e na qual participa a empresa aeroespacial portuguesa DEIMOS Engenharia.
Com lançamento previsto para 2017, o CHEOPS (representado na imagem artística ao lado divulgada pela ESA) ficará em órbita entre 620 e 800 quilómetros da Terra, de onde “observará estrelas brilhantes, à volta das quais já se conhecem planetas, determinando o diâmetro destes com grande precisão”.