A investigação envolve 55 investigadores de várias áreas, de 10 países, e entre eles estão os portugueses Élio Sucena e Sara Magalhães. O estudo aborda os “truques da flexibilidade alimentar do ácaro-aranha, Tetranychus urticae, através do estudo do seu genoma”.
Esta espécie de aranha alimenta-se de mais de mil plantas diferentes, 150 das quais, são utilizadas na alimentação humana, como o milho, o tomate, o pepino ou os citrinos.
A ácaro-aranha tem um efeito destruidor nas culturas agrícolas, uma vez que consegue “iludir” as defesas destes alimentos contra os seus agressores, sendo responsável por milhões de euros de prejuízos nas colheitas.
O trabalho dos investigadores portugueses
Élio Sucena, investigador do Instituto Gulbenkian de Ciência e professor no Departamento de Biologia Animal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e Sara Magalhães, investigadora do Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, fazem parte da equipa que sequenciou o genoma do ácaro-aranha.
“O estudo agora publicado consegue a sequenciação e anotação do genoma do ácaro aranha, que é uma praga agrícola a nível mundial e em Portugal também, de norte a sul do país”, explicou à agência Lusa, Élio Sucena.
De acordo com o investigador, os genes comandam várias áreas e existem para que o organismo se desenvolva, para que responda a ataques de microrganismos, a alterações da temperatura, para que o organismo possa explorar uma determinada dieta.
Para Élio Sucena, esta é a praga “mais flexível no tipo de plantas que ataca. Estão descritas interações, neste caso negativas, com mais de mil plantas diferentes, como maior parte de culturas agrícolas relevantes para a alimentação humana, como todas as culturas de estufa, tomate pepino, feijão, citrinos”, adiantou.
Por seu lado, a investigadora Sara Magalhães referiu que “uma das grandes questões é como é que um só ácaro consegue vencer as defesas de plantas tão diferentes” como o pepino, o tomate ou o pimento.
“Se conseguirmos saber como ele faz isso, conseguimos eventualmente no futuro silenciar esses genes e fazer com que se torne mais suscetível a essas defesas”, explicou a investigadora.
Agricultura transgénica VS Biológica
Para enfrentar os ácaros e evitar que destruam as culturas “ou se modificam as plantas das quais se alimentam, usando plantas transgénicas, ou através da utilização de ácaros transgénicos que conseguiriam suplantar os tradicionais que atacam as plantas”, adiantou Sara Magalhães.
Em todo o estudo a especialista destaca algo curioso: “na agricultura biológica, o ácaro não é um problema porque existem muitos inimigos naturais que se alimentam dele, que não cresce a níveis preocupantes, do ponto de vista económico”.