Uma "scooter" elétrica inovadora que utiliza materiais naturais e nacionais, como a cortiça, e procura reduzir a utilização de plásticos, tintas e outros materiais tóxicos. Pode parecer um projeto impossível, mas está a ser desenvolvido em Portugal.
Uma “scooter” elétrica inovadora que utiliza materiais naturais e nacionais, como a cortiça, e procura reduzir a utilização de plásticos, tintas e outros materiais tóxicos. Pode parecer um projeto impossível, mas não é. E está a ser desenvolvido em Portugal por um grupo de jovens empreendedores, ex-alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que criaram a sua própria empresa – a Scootzz.
por CATARINA FERREIRA
Foi em 2009 que a ideia nasceu, vinda de uma mistura entre “a paixão pelos veículos de duas rodas, o interesse pela aeronáutica, a crescente preocupação ambiental e a certeza de que os fabricantes atuais não estão a esforçar-se o suficiente”, conta Tiago Barbosa, engenheiro mecânico e mentor do conceito, em entrevista ao Boas Notícias.
Para transferir a ideia do papel para a realidade, o jovem português juntou-se a quatro outros colegas – Alexandre Sousa, Paulo Correia, Paulo Silva e Pedro Oliveira – de áreas bem diversas, desde a engenharia eletrotécnica à economia, passando pelas ciências da computação, pela comunicação e pelo marketing.
Dois anos depois, fundaram a empresa Scootzz, agora em incubação no UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, e estão atualmente a desenvolver o protótipo, com o mesmo nome, que deverá ser apresentado publicamente em Setembro.
Mas, afinal, o que distingue a Scootzz de uma “scooter” comum? As diferenças
e inovações são muitas, nomeadamente ao nível tecnológico. Porém, as caraterísticas mais surpreendentes estão relacionadas com o exterior do veículo, em particular com o revestimento.
Desde logo, este veículo português conta com “base tecnológica sólida”, que utiliza “baterias LiFePO4 de grande durabilidade e motores DC sem escovas muito eficientes”, o que lhe permitirá ser disponibilizado tanto numa versão mais simples, como numa versão de topo, com “clara vantagem em aceleração e em travagem”, esclarece Tiago.
A grande surpresa vem, no entanto, do exterior: o protótipo está a ser construído em aço inox, “de forma a eliminar a necessidade de pintura”, o que diminui a toxicidade não só do produto final como durante o processo de fábrico, e o revestimento é feito em cortiça e tecido impermeável.
“Ao ser feito em tecido, o revestimento pode ser impresso digitalmente e trocado pelo próprio utilizador sempre que este pretenda, conseguindo-se assim uma possibilidade infinita de personalização da “scooter”, revela o engenheiro mecânico, que desvenda que está também a ser preparada “uma aplicação web onde o utilizador poderá desenhar o revestimento, encomendá-lo e recebê-lo pelo correio”.
Aposta deverá ir além do mercado português
De acordo com Tiago Barbosa, esta “scooter” poderá começar a ser comercializada “no final de 2013”. Os preços ainda estão a ser estudadas mas, dada a flexibilidade do conceito, adaptado “em função do tipo de utilização que o cliente vai fazer “, o preço objetivo do modelo básico estará alinhado com propostas equivalentes e a versão de topo, “com duas rodas motrizes e mais capacidade de baterias custará aproximadamente mais 50%”, estima.
Para já, a equipa prefere não revelar imagens do protótipo, ambicionando
tornar a apresentação “uma verdadeira surpresa”. Entretanto, o fundador da Scoottz e os seus colegas estão concentrados na obtenção de apoio financeiro, o principal “objetivo a curto-prazo”.
Tiago Barbosa não afasta também “a conquista de um cliente inicial institucional que possa financiar uma primeira série de veículos”, algo que também corresponderia aos desejos dos seus criadores.
Embora ainda seja um protótipo, o projeto Scoottz tem sido visto com bons olhos, em especial em concursos de ideias de negócios, tendo já conquistado dois prémios, o iUP25k, organizado pela Universidade do Porto, e o NETT, organizado pelo CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal.
“Neste momento somos também um dos projetos finalistas da 3ª edição do concurso 'Building Global Innovators' organizado pelo ISCTE-IUL com o apoio do MIT”, acrescenta o engenheiro mecânico.
A empresa, fundada em 2011, está ainda a dar os primeiros passos, mas Tiago Barbosa e os seus colegas estão apostados em trabalhar para levá-la ao sucesso. O caminho já está traçado: o primeiro alvo será o mercado português, continental e insular, mas a exportação, a iniciar pela Europa, está no horizonte.
“A longo-prazo queremos tornar-nos uma referência que seja tomada como um exemplo no desenvolvimento de soluções de mobilidade realmente limpas”, conclui.
Clique AQUI para aceder ao site oficial da Scootzz e AQUI para conhecer a página da empresa no Facebook.