Já diz o ditado que a necessidade aguça o engenho e também a crise parece aguçar a criatividade dos portugueses, que cada vez mais procuram novas alternativas para encontrar rendimentos.
Já diz o ditado que a necessidade aguça o engenho e também a crise parece aguçar a criatividade dos portugueses, que cada vez mais procuram novas alternativas para encontrar rendimentos. As histórias de Sofia Neves, de 34 anos, ou de Daniela e Vítor Silva, um casal de reformados de Ílhavo, que apostaram no desenvolvimento de negócios de bolachas artesanais, são um bom exemplo de empreendedorismo em pequena escala.
Licenciada em Design de Equipamento, Sofia Neves desempenhava funções como freelancer há pouco mais de um ano quando, em Fevereiro de 2013, começou a ter falta de trabalho em consequência das dificuldades crescentes no sector da construção.
Foi então que, depois de uma conversa de café com uma amiga que já fazia bolachas, decidiu dar um novo rumo à sua vida. “Foi uma ideia relâmpago quando ela me disse que estava a fazer bolachas para vender a amigos. Nesse momento, começaram logo a surgir muitas ideias e um entusiasmo enorme para avançar com o projeto das bolachas”, recorda, em entrevista à Lusa.
Após alguns meses de intenso trabalho a testar e a adaptar receitas surgiram, no final do ano passado, “As Bolachas da Sofia”. A jovem designer começou por vender bolachas aos amigos, que contribuíram para divulgar o produto, e, mais tarde, passou a comercializá-las em lojas 'gourmet'.
Atualmente, estão à venda em 17 estabelecimentos de todo o país, a preços que variam entre os 1,60 e os 3,50 euros. Embora continue a fazer alguns projetos na área do design, Sofia admite que, neste momento, já não seria capaz de deixar de fazer bolachas.
Os sabores dos biscoitos de Sofia vão desde opções mais doces, como a aveia e laranja ou o côco e lima, às salgadas, com bolachas de azeitonas e óregãos. © As Bolachas da Sofia
“Dá-me muito gozo este trabalho, de estar na cozinha a fazer as bolachas e de comunicar com o público, do que estar sentada em frente ao computador. Era um trabalho que já não me iria preencher”, admite.
Reformados de Ílhavo também se dedicam aos biscoitos
Também um casal de reformados de Ílhavo de 60 e 66 anos decidiu, como forma de contornar as dificuldades económicas, pôr mãos à obra e criar um negócio próprio. Assim nasceu o “Atelier da Doçura” de Daniela Silva, antiga doceira, e Vítor Silva, engenheiro eletroténico.
“Por causa da crise, as coisas não estavam muito bem”, conta Daniela à Lusa, explicando que o marido tinha acabado de se reformar e que o dinheiro que recebiam não chegava para pagar as contas, o que os obrigou a procurar uma nova fonte de rendimento.
A opção de apostar nos biscoitos caseiros nasceu da experiência anterior desta portuguesa na área da doçaria. “Foi aquilo que eu sabia fazer. Nunca me tinha metido a fazer bolachas, mas acho que resultou”, confessa, lembrando que as primeiras bolachas a aparecer foram as de aveia integral, que “tiveram muito sucesso”.
Desde então, o casal foi introduzindo novas variedades e, hoje, a pequena empresa familiar comercializa já 13 tipos de bolachas diferentes, algumas das quais com sabores complexos, como gengibre, alfarroba, batata-doce e cerveja, esta última a que tem mais saída. “São mais originais e nem toda a gente as quer fazer, porque dão muito trabalho”, justifica Daniela.
O processo de fabrico é inteiramente manual e a cozedura é efetuada em fornos elétricos tradicionalmente usados nas cozinhas domésticas, num espaço construído apenas para este fim num anexo da habitação.
Os pacotes de bolachas do “Atelier da Doçura” custam entre 1,80 e 2,00 euros e podem ser adquiridos em diversas ervanárias e lojas 'gourmet', bem como encomendados através da Internet.
Clique AQUI para aceder ao Facebook da empresa “As Bolachas da Sofia” e AQUI para conhecer o site oficial do “Atelier da Doçura”.
