A investigadora portuguesa Marta Moita, da Fundação Champalimaud, acaba de receber uma bolsa internacional "Starting Grant" no valor de 1,4 milhões de euros atribuída pelo European Research Council (ERC).
A investigadora portuguesa Marta Moita, da Fundação Champalimaud, acaba de receber uma bolsa internacional “Starting Grant” no valor de 1,4 milhões de euros atribuída pelo European Research Council (ERC). O apoio vai ajudar a financiar, durante os próximos cinco anos, o estudo do mecanismo neural que está na base do medo.
Num comunicado divulgado pela Fundação Champalimaud, Marta Moita, investigadora do Programa Champalimaud de Neurociências cujo trabalho foi agora reconhecido, explica que o objetivo do projeto é “perceber como é que o cérebro deteta e usa o sinal de alarme dado pelos outros, pelo ambiente social, para desencadear um comportamento de defesa num determinado indivíduo”.
“Por outras palavras, perceber qual é a raiz do medo”, acrescenta a especialista, que esclarece que podemos ter medo por associação a experiências anteriores – “por exemplo, se um predador atacar as suas presas junto a um rio, as presas aprendem a evitar esse local” – mas existem outras formas de evitar o perigo que não dependem deste tipo de aprendizagem e sim do comportamento de defesa exibido pelos outros indivíduos.
“Neste caso, se imaginarmos um incêndio no meio de uma floresta, muitos animais irão fugir sem nunca terem estado próximos do fogo mas apenas por terem visto os outros animais em debandada”, ilustra Marta Moita.
O grupo liderado por esta investigadora, licenciada em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem larga experiência no estudo da transmissão de medo em ratos mas, para este novo projeto, vai utilizar um novo modelo animal.
“O nosso laboratório irá recorrer a um outro modelo animal, a Drosophila, um organismo que oferece inúmeras vantagens, essenciais à realização de estudos ao nível populacional”, revela a investigadora principal do Programa Champalimaud de Neurociências.
Bolsa é para equipamento, tecnologia e pessoal
O financiamento agora atribuído a Marta Moita e aos seus colegas pelo ERC será aplicado em equipamento, tecnologia e na própria equipa, composta por sete pessoas (dois pós-doutorados, dois alunos de doutoramento e três técnicos de laboratório), que vai apoiar a realização deste projeto.
Marta Moita foi aluna do programa doutoral do Instituto Gulbenkian de Ciência (PGDB) e desenvolveu o seu projeto de doutoramento no grupo liderado por Joseph Ledoux, na New York University.
Ainda nos Estados Unidos da América, fez um pós-doutoramento no Cold Spring Harbor Laboratory, integrando o grupo liderado por Anthony Zador. Marta Moita foi investigadora principal no Instituto Gulbenkian de Ciência durante três anos e é, desde 2008, investigadora principal do Programa Champalimaud de Neurociências, da Fundação Champalimaud.
Notícia sugerida por Elsa Fonseca